Oficinas com população LGBT sobre cuidado em saúde:
experiência como psicóloga residente
DOI:
https://doi.org/10.9771/peri.v1i17.38921Resumo
A saúde, enquanto direito universal e dever do Estado, é garantida pela Constituição Federal de 1988. No entanto, a população brasileira de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis (LGBT) se viu destituída dessa totalidade por muito tempo, até a instituição do Programa Brasil Sem Homofobia (BSH), em 2004, e, em 2011, da Política de Saúde Integral da população LGBT, um importante dispositivo legal para a promoção da saúde livre de discriminação e preconceito. Este artigo sistematiza o Trabalho de Conclusão da Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Foram realizadas oficinas com usuárias/os LGBT assistidas/os pela equipe de um ambulatório voltado especificamente ao cuidado desta população. Nossa motivação para tais oficinas foi utilizar técnicas expressivas e grupais como estratégias para que usuárias/os expressassem suas concepções, vivências e sentimentos em torno da questão do cuidado em saúde. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo de abordagem qualitativa e orientação cartográfica. Foram utilizadas diversas técnicas nas oficinas, cujas produções – textuais, gráficas e plásticas – foram registradas. Neste trabalho, dedicamos atenção às expressões verbais, que receberam tratamento específico de transcrição e sistematização. O material foi organizado em três eixos temáticos: autorreferência, alterreferência e inter-relações. As análises que fizemos do material demonstram como essas pessoas, enquanto sujeitos LGBT e usuárias/os do Sistema Único de Saúde (SUS), vivenciam suas relações consigo, com os outros e com a cidade e seus territórios. Identificamos aspectos de como a sociedade pautada nos padrões cisheteronormativos vem operando binarismos em diversas nuances, validando o controle dos corpos e replicando posturas violentas, inclusive na rede de saúde. Apesar disso, figuras do seio familiar, amigas/os e instituições LGBT foram referenciadas como redes de acolhimento e cuidado. Identificamos, também, a expressão individual de desejo que assume tanto contornos de alterações corporais como de transformações sociais mais amplas em defesa da cidadania LGBT. A experiência de trabalhar com a população LGBT em oficinas grupais mediadas por técnicas expressivas se apresenta como uma importante contribuição da psicologia para os esforços de promoção de saúde a um grupo historicamente à margem de políticas públicas. Esperamos que mais estudos sejam realizados nesta perspectiva.
PALAVRAS-CHAVE: Acesso aos serviços de saúde. Grupos minoritários. Oficina. Promoção da saúde.
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