Bota a cara no sol, bicha bonita não se esconde: visibilidade de pessoas de gênero e sexualidade dissidentes na Folha de S. Paulo

Resumo

Nesta pesquisa, selecionamos como objeto de estudo a imagem jornalística de pessoas cujas performances de gênero e sexualidade não correspondem à lógica cis-hétero-normativa. Os materiais que constituem o corpus deste trabalho são textos noticiosos sobre essas pessoas, publicados pela Folha de S. Paulo, jornal diário brasileiro de maior circulação e tiragem dos últimos 13 anos. Partindo da análise desses dados, a pesquisa objetivou investigar o discurso produzido por meio de notícias, descrevendo e interpretando recursos contextuais potencialmente capazes de produzir visibilidade desses atores de corpos e existências dissidentes, a fim de compreender a construção de sentidos criados a partir dessa visibilidade. Para sustentar teoricamente tal investigação, mobilizamos os pressupostos impressos dentro da Análise Crítica do Discurso, seguindo os enfoques feitos pelos linguistas Teun van Dijk (1996) e Norman Fairclough (2003). Temos como escopo de investigação o exame de macro-categorias de análise da visibilidade: a quantidade e ocorrência de constituintes da capa do jornal (manchete, chamada, abertura, foto-legenda e frases) e do caderno (título, linha-fina, olho, corpo da notícia, fotos e texto-legenda); a quantidade e a ocorrência dos momentos históricos de publicação dos textos; a ocorrência do caderno em que tais textos foram publicados; bem como a inclusão, no interior das notícias, de vozes dos atores-alvo de nossa pesquisa. Este artigo, por representar um primeiro momento de tal estudo, registra apenas parte de todo o trabalho, descrevendo eminentemente o processo de leitura bibliográfica, apresentando o amparo epistemológico que norteou os encontros de orientação para a pesquisa, informando o trabalho de coleta de dados para análise e apontando o resultado do número de ocorrências e a visibilidade do grupo analisado de acordo com o caderno do jornal em que as notícias foram mais recorrentes.