Performances trans incomodam? Quando a vida em público é passível de violência
DOI:
https://doi.org/10.9771/peri.v1i11.29304Resumo
Neste texto nos dedicamos às performatividades discursivas midiáticas que narram as lutas de corpos marginalizados, excluídos e desumanizados. Nos atemos à novela “A Força do Querer”, da Rede Globo de Televisão, enquanto produção midiática que impulsiona a circulação de discursos sobre a transexualidade. O ângulo de observação pretendido contempla semioses direcionadas a situações de violência e performatividades de afeto decorrentes de tais situações. Através de índices que entremeiam significações de violência pretendemos observar como a precariedade está entextualizada. Os afetos, neste caso, são significativos do reconhecimento da humanidade presente nestas vidas, de modo que através deles é possível observar se essas vidas são consideradas vivíveis ou visíveis. São perguntas a serem respondidas aqui: De que forma a transfobia é entextualizada? Quais discursos são utilizados para justificar, motivar ou endossar atos de violência? Quais afetos são levados em conta? As noções de vergonha, medo, melancolia, solidão e trauma estão envolvidas? São conceitos operacionalizantes da análise de texto aplicados a este trabalho: entextualização e indexicalidade. Precariedade, violência, reconhecimento, afeto, soberania e estado de exceção são temas transdisciplinares que nortearam também este texto. A visibilidade midiática da violência contra o corpo trans confere a este subgrupo de vidas, marginalizado pelo biopoder, o reconhecimento da precariedade. A vida em si é representativa de um coletivo numérico que morre todos dias, que é assediada, violentada, ferida, desumanizada. O afeto, neste caso, torna o corpo trans reconhecível, dá vida a este corpo, humaniza-o, torna-o enlutado. Os afetos tornam dicotomicamente reconhecíveis tanto a precariedade, violência e morte quanto a vida vivível.
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