Performances trans incomodam? Quando a vida em público é passível de violência

Autores

  • Daniela Souza UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DOI:

https://doi.org/10.9771/peri.v1i11.29304

Resumo

Neste texto nos dedicamos às performatividades discursivas midiáticas que narram as lutas de corpos marginalizados, excluídos e desumanizados. Nos atemos à novela “A Força do Querer”, da Rede Globo de Televisão, enquanto produção midiática que impulsiona a circulação de discursos sobre a transexualidade. O ângulo de observação pretendido contempla semioses direcionadas a situações de violência e performatividades de afeto decorrentes de tais situações. Através de índices que entremeiam significações de violência pretendemos observar como a precariedade está entextualizada. Os afetos, neste caso, são significativos do reconhecimento da humanidade presente nestas vidas, de modo que através deles é possível observar se essas vidas são consideradas vivíveis ou visíveis. São perguntas a serem respondidas aqui: De que forma a transfobia é entextualizada? Quais discursos são utilizados para justificar, motivar ou endossar atos de violência?  Quais afetos são levados em conta?  As noções de vergonha, medo, melancolia, solidão e trauma estão envolvidas?  São conceitos operacionalizantes da análise de texto aplicados a este trabalho: entextualização e indexicalidade. Precariedade, violência, reconhecimento, afeto, soberania e estado de exceção são temas transdisciplinares que nortearam também este texto. A visibilidade midiática da violência contra o corpo trans confere a este subgrupo de vidas, marginalizado pelo biopoder, o reconhecimento da precariedade. A vida em si é representativa de um coletivo numérico que morre todos dias, que é assediada, violentada, ferida, desumanizada. O afeto, neste caso, torna o corpo trans reconhecível, dá vida a este corpo, humaniza-o, torna-o enlutado. Os afetos tornam dicotomicamente reconhecíveis tanto a precariedade, violência e morte quanto a vida vivível.

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Biografia do Autor

Daniela Souza, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Aluna de doutorado do Programa Interdisciplinar em Linguística Aplicada da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Viçosa.

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Publicado

2019-11-12

Como Citar

Souza, D. (2019). Performances trans incomodam? Quando a vida em público é passível de violência. Revista Periódicus, 1(11), 176–191. https://doi.org/10.9771/peri.v1i11.29304

Edição

Seção

DOSSIÊ 11 - Gênero e sexualidade em regimes de exceção