“Quer me tributar, me chupar, foder-me porque sabe que é maravilhoso ser fresco” - A poesia-bicha de Paulo Augusto
DOI:
https://doi.org/10.9771/peri.v1i11.29300Resumo
Este ensaio pretende proceder a bicha nas poesias de “Falo” de Paulo Augusto (2003) para buscar um pensamento bicha. Busca-se acompanhar as linhas que a bicha traça, subverte e inverte em sua existência. Para isso, primeiramente, procura-se problematizar acerca dos dispositivos de gênero e sexualidade, problematizado por Foucault (2014), Preciado (2014) e Zamboni (2016), tendo a bicha como um sujeito desviante dos dispositivos. Para analisar a obra “Falo” de Paulo Augusto, utilizar-se-á, teórico-metodologicamente, do conceito de literatura menor, tomando as poesias-bichas como parte de um enunciado coletivo da bicha. A bicha, em “Falo”, se inscreve por meio do devir, desconstruindo territórios e ultrapassando identidades - a bicha problematiza identidades, conceitos, categorias – causa confusão epistemológica. A bicha traz problematizações acerca do aparelho do Estado e suas táticas de governabilidade – desembocando em problematização acerca de gênero e sexualidade. Além disso, a bicha contra-ataca a política e suas estratégias; tira sarro dos déspotas. A poesia-bicha de Paulo Augusto nos permite refletir acerca das construções identitárias que, embora se pareçam fixas e naturais, são construções advindas de um dispositivo discursivo complexo. Percebendo contradições na própria ciência, a bicha permite que se reflita acerca de categorias e metodologias científicas, em uma insistente problematização. A existência bicha pode permitir que seja feita descentralização do pensamento – um pensar de outro modo, um pensamento bicha.
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