Do uso epistemológico e político das categorias “sexo” e “raça” nos estudos de gênero
DOI:
https://doi.org/10.9771/peri.v1i5.17191Resumo
A partir de uma reflexão sobre o black feminism, o artigo trata da articulação entre dominação de gênero e racismo e de como esta constitui um dos temas teóricos e políticos mais importantes do feminismo anglo-saxão: em que medida a experiência da segregação racista serve de modelo ao sexismo e dificulta a unidade política do feminismo? Se o sujeito ideológico ―mulher‖ implodiu sob a crítica do patriarcado, o que acontece com o sujeito político do feminismo mesmo, ―nós mulheres‖? Minha tese consiste em mostrar como os discursos da dominação colocam à disposição dos grupos oprimidos modelos a-históricos que reificam incessantemente esses grupos, mesmo quando estes modelos são empregados para se afirmar positivamente. Nessas condições, ao querer desessencializar o sujeito do feminismo ―as mulheres, o risco é de re-naturalizar uma miríade de sub-categorias (mulheres negras, mulheres que portam o véu, mulheres migrantes…) que se tornam anteriores às lutas. Da nossa capacidade em revelar a historicidade e o entrelaçamento das categorias ―sexo‖ e ―raça‖ e em utilizar técnicas de tumulto capazes de inventar uma outra linguagem política dependem nossas capacidades de agir e de se pensar como sujeitos políticos em devir.Downloads
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