ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA DA MEMÓRIA: UM ESTUDO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE MEMÓRIA SOBRE A DITADURA EMPRESARIAL-MILITAR BRASILEIRA
Resumo
Este trabalho explorou o tema da memória e do esquecimento coletivo enquanto objeto de pesquisa do campo das ciências da administração, em especial da administração política. Para tanto, realizou uma discussão teórica articulando as possibilidades e os limites de manipulação do arcabouço memorial, focando no papel de gestor da memória coletiva nacional, exercido pelo Estado. Foram estudadas políticas de memória e de esquecimento enquanto instrumentos utilizados no desenvolvimento desse processo de gestão da memória nacional oficial. No entanto, esse debate não se realizou de maneira abstrata e geral, mas, sim, a partir do movimento concreto do desenvolvimento de políticas públicas de memória referentes à ditadura empresarial-militar brasileira. Mais de meio século depois do golpe de 1964, as políticas de memória aqui analisadas demonstram que a posição do Estado segue reforçando os discursos públicos dos vencedores. Através de estratégias que passam pelo esquecimento-manipulação, pelo esquecimento-direcionamento e pelo esquecimento-destruição, conforme definição de Johann Michel (2010), a administração política da memória segue mantendo as memórias de resistência e de luta nos subterrâneos das narrativas oficiais sobre a ditadura empresarial-militar.
Palavras-chave: administração política da memória; memória coletiva; políticas públicas; ditadura empresarial-militar.