O método hermenêutico ontofenomenológico crítico: dois (quem sabe três) corpos não habitam o mesmo espaço?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/geo.v0i2.69530

Palavras-chave:

Ontologia, Espaço, Tempo, Fenomenologia

Resumo

O presente artigo propõe o método hermenêutico-ontofenomenológica crítico, situando-o como dimensão relacional, vivida e carregada de sentidos. Partindo do questionamento sobre a máxima “dois corpos não habitam o mesmo espaço”, busca-se problematizar a coexistência material, simbólica e social de corpos distintos, considerando implicações físicas, ontológicas e políticas. O objetivo central é analisar como a espacialidade se constitui como campo de presença, tensão e produção de sentidos, evidenciando as interações entre corpo, memória, tempo e significação. A metodologia adotada combina fenomenologia, hermenêutica e análise crítica, articulando observação reflexiva, interpretação e problematização das práticas espaciais, em diálogo com autores como Heidegger, Merleau-Ponty, Lefebvre, Massey e Santos. Os resultados indicam que o espaço não se reduz a um contêiner físico ou geométrico, mas emerge como trama dinâmica de relações, onde presenças, ausências, conflitos e projeções coexistem, permitindo múltiplas experiências simultâneas e sobreposições simbólicas. Conclui-se que habitar o espaço implica mais do que ocupar: é tramar sentidos, negociar tensões e reconhecer a densidade ontológica da existência, compreendendo o espaço como palco vivo de interações, memória e temporalidade. Assim, a geograficidade se revela como prática filosófica capaz de apreender a complexidade relacional e experiencial dos fenômenos espaciais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ingrid Gomes da Silva, Universidade Estadual do Ceará

Doutoranda em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Ceará (PROPGEO/UECE), com vínculo de bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Luiz Cruz Lima, Universidade Estadual do Ceará

Professor emérito e professor titular da Universidade Estadual do Ceará (UECE), docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UECE.

Referências

ALCÂNTARA, Valderí de Castro; PAIVA, André Luiz de; BRITO, Mozar José de. Desvelando “caixas-pretas” dos textos de estratégia: uma abordagem baseada na hermenêutica crítica. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 25, n. 84, p. 30-49, 2018.

BACON, Francis. Novum Organum: verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. São Paulo: Editora Unesp, 2019.

BACON, Roger. Opus Maius. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2000.

BERGSON, Henri. A evolução criadora. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Martin Claret, 2006.

DILTHEY, Wilhelm. Introdução às ciências do espírito. Lisboa: Edições 70, 2002.

FEYERABEND, Paul. Contra o método. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

FORNÄS, Johan. The Dialectics of Communicative and Immanent Critique. tripleC: Communication, Capitalism & Critique, v. 11, n. 2, p. 545-556, 2013. DOI: 10.31269/triplec.v11i2.510.

GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.

GUIMARÃES, Humberto Goulart. A condição ontológica terrestre: uma interpretação crítica dos fundamentos ontoepistemológicos das categorias natureza e homem no pensamento geográfico moderno. 2021. 688f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2021. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/769779?mode=full. Acesso em: 16 ago. 2025.

HEGEL, Georg Wilhelm F. Fenomenologia do espírito. Petrópolis: Vozes, 2011.

HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 2001.

HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Petrópolis: Vozes, 2008.

LEFEBVRE, Henri. A produção do espaço. 5. ed. São Paulo: Editora da Unesp, 2013.

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 12. ed. São Paulo: Perspectiva, 2018.

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Livro I: o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo, 2017.

MASSEY, Doreen. For Space. London: SAGE, 2005.

MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

PRASAD, Pushkala. The Contest Over Meaning: Hermeneutics as an Interpretive Methodology for Understanding Texts. Organizational Research Methods, v. 5, n. 1, p. 12-33, 2002.

RICOEUR, Paul. Soi-même comme un autre. Paris: Éditions du Seuil, 1990.

RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. v. 1. Campinas: Papirus, 1994.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2006.

SCHLEIERMACHER, Friedrich. Hermenêutica: arte e técnica da interpretação. Petrópolis: Vozes, 1999.

Downloads

Publicado

2025-12-11

Como Citar

da Silva, I. G., & Cruz Lima, L. . (2025). O método hermenêutico ontofenomenológico crítico: dois (quem sabe três) corpos não habitam o mesmo espaço?. GeoTextos, 21(2). https://doi.org/10.9771/geo.v0i2.69530

Edição

Seção

Artigos