O ser humano nas cavernas
DOI:
https://doi.org/10.9771/geo.v0i2.55910Palavras-chave:
Espeleoclima, Lapa de Antônio Pereira, Nossa Senhora da Conceição da Lapa, turismo em caverna, turismo religiosoResumo
Este artigo cuida da reflexão analítica e interpretativa sobre a presença do ser humano em cavernas como situação culturalmente refinada. A Lapa de Antônio Pereira, caverna no interior do Brasil utilizada para fins religiosos desde o século XVIII, é a paisagem e o lugar que viabiliza perspectiva analítica e interpretativa sobre a interação entre ambientes cavernícolas e atividades humanas neles realizadas: existe reciprocidade entre cavernas e as atividades antrópicas ali produzidas? A gruta foi visitada em trabalhos de campo entre setembro de 2017 e agosto de 2019, realizando-se mesmo percurso no interior da caverna num transecto de 24 pontos iniciado na entrada e finalizado na parede mais distal. Para cada ponto se estabeleceu uma área de abrangência amostral qualificada pela incidência de luz e uso antrópico predominante. Assim, possibilitou-se elaborar modelos conceituais de zoneamento fótico e de compartimentação antrópica congruentes que mostram que a Lapa tanto molda, quanto é moldada pela visitação turística religiosa historicamente realizada. O efeito do confinamento subterrâneo indica que a presença antrópica impacta e é impactada, especialmente pelo espeleoclima e pela morfológica cavernícola. Uma caverna é tanto a paisagem se projetando sobre o sujeito quanto um lugar no qual o sujeito se projeta sobre a paisagem.
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