Da fronteira agrícola aos territórios do agronegócio florestal
avanços da silvicultura de eucalipto sobre a agricultura familiar nos municípios de Imperatriz e Cidelândia, Maranhão, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.9771/geo.v17i2.46449Palavras-chave:
Matopiba. Fronteira agrícola. Silvicultura de eucalipto. Agricultura familiar.Resumo
No Maranhão, as transformações na agricultura familiar ocasionadas pela expansão da silvicultura de eucalipto tiveram início na década de 1990. Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo compreender tais transformações nos municípios maranhenses de Imperatriz e Cidelândia. Para isso, analisa e discute as alterações na produção de culturas alimentares tradicionais nos municípios estudados diante da expansão das áreas de eucalipto. Metodologicamente, o trabalho utiliza dados primários coletados através de pesquisas de campo, utilizando como instrumento de coleta entrevistas não estruturadas com pequenos agricultores e moradores das proximidades das plantações de eucalipto. Além disso, foram coletadas coordenadas geográficas para a produção cartográfica; os dados secundários utilizados foram coletados nas bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Indústria Brasileira de Árvores, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e nos relatórios anuais da Suzano. Os resultados sugerem que a rápida expansão do agronegócio florestal está fragilizando os territórios da agricultura familiar, ocasionando uma diminuição expressiva na produção.
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Referências
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