PANDEMIA E TRAUMA - DESTINOS E DISSILÊNCIOS DE ABORTOS E PSICANÁLISES

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.v10i2%20e%203.45176

Resumen

Esta escrita transcorre através do insólito encontro entre pandemia e aborto, ambos reorganizando o que pode estar do lado da morte e da vida. Nas escassas ocasiões em que a psicanálise compareceu ao debate sobre o aborto, o fez sob os signos do trauma. E é sobre os vetores do trauma - no que se avança e se conserva enquanto pacto social, que consiste o primeiro eixo desta investigação. O segundo eixo trata sobre a noção de destino na psicanálise. Na sequência, temos o eixo dos Feminismos e Interseccionalidades. O processo de análise é compreendido como esse tempo em que o destino ganha uma espécie de polissemia e tanto os caminhos percorridos como os dianteiros se repavimentam. Conclui-se que as existências privadas do reinvento por novos textos sobre a experiência do aborto podem ser tomadas como desperdícios criativos, diante das quais se faz o convite: narrar destinos insabidos através dos dissilêncios.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

camila maggi rech noguez, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Psicóloga, Especialista pela Residência Multiprofissional em Saúde com ênfase na Atenção Básica (Escola de Saúde Pública – RS), Mestre em Saúde Coletiva (UFRGS). Atualmente, trabalha na Clínica de Atendimento Psicológico UFRGS – com referencial da Psicanálise. Endereço: Rua Avenida Protásio Alves, n° 297, Porto Alegre – RS, CEP: 90410-000. E-mail: canoguez@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9587-1145

Paula Goldmeier

Psicóloga. Mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS. Psicanalista membro do CEPdePA. Trabalha com clínica psicanalítica e direitos humanos. Endereço: João Telles, 542/706. Bom Fim, CEP: 90035-120. E-mail: paulagoldmeier@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0627-3697

Citas

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Pólén, 2019.

ARÁN, Márcia. O avesso do avesso: feminilidade e novas formas de subjetivação. Rio de Janeiro: Editora Garamond Ltda, 2006.

BIROLI, Flávia. Gênero, “valores familiares” e democracia. In: BIROLI, Flávia; MACHADO, Maria das Dores Campos; VAGGIONE, Juan Marco. Gênero, neoconservadorismo e democracia: disputas e retrocessos na América Latina. Boitempo, São Paulo: 2020. p. 135-188.

BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei n° 5435, DE 2020. Dispõe sobre o Estatuto da Gestante. Diário do Senado Federal. Brasília, DF, n. 180, p. 604-612, dez.2020. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/diarios/ver/105670?sequencia=604. Acesso em: 11 abr. 2021.

BROWN, Laura S. Not Outside the Range: One Feminist Perspective on Psychic Trauma. American Imago, v. 48, n. 1, p. 119-133, 1991. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/26304034. Acesso em: 7 abr. 2021.

BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CANDIDO, Marcia Rangel; CAMPOS, Luiz Augusto. Pandemia reduz submissões de artigos acadêmicos assinados por mulheres. DADOS – Revista de Ciências Sociais, 14 mai. 2020. Disponível em: http://dados.iesp.uerj.br/pandemia-reduz-submissoes-de-mulheres/. Acesso em: 14 abri. 2021.

CARDOSO, Bruno Baptista; VIEIRA, Fernanda Morena dos Santos Barbeiro; SARACENI, Valeria. Aborto no Brasil: o que dizem os dados oficiais? Cadernos de Saúde Pública, v. 36, Suppl. 1, e00188718, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csp/v36s1/1678-4464-csp-36-s1-e00188718.pdf. Acesso em: 10 abr. 2021.

COSTA, Rosely G. et al. A decisão de abortar: processo e sentimentos envolvidos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p. 97-105, Mar. 1995. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1995000100016&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 02 abr. 2021.

DINIZ, Debora; MEDEIROS, Marcelo; MADEIRO, Alberto Madeiro. Pesquisa Nacional do Aborto 2016. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 2, p. 653-660, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v22n2/1413-8123-csc-22-02-0653.pdf. Acesso em: 12 mar. 2021.

FEDERIC, Silvia. O Calibã e a Bruxa. São Paulo: Elefante, 2017.

FELMAN, Shoshana. O Inconsciente Jurídico. São Paulo: Edipro, 2014.

FERENCZI, Sándor. Análises de crianças com adultos. In:_________. Obras Completas Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 69-83. Original publicado em 1931.

FREUD, Sigmund. Projeto para uma psicologia científica. In:__________. Edição Standard Brasileira Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 1, p. 333-454. Original publicado em 1895[1950].

FREUD, Sigmund. A etiologia da histeria. In:__________.¬¬¬¬ Edição Standard Brasileira Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 3, p. 187-215. Original publicado em 1986.

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: __________. Edição Standard Brasileira Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 7, p. 119-229. Original publicado em 1905.

FREUD, Sigmund. Cinco lições de psicanálise. In: __________. Edição Standard Brasileira Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 11, p. 17-65. Original publicado em 1910[1909].

FREUD, Sigmund. Além do Princípio do Prazer. In: __________. Edição Standard Brasileira Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 18, p. 13-75. Original publicado em 1920.

FREUD, Sigmund. A dissolução do complexo de Édipo. In __________. Edição Standard Brasileira Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 19, p. 189-199. Original publicado em 1924

GESTEIRA, Solange Maria dos Anjos; BARBOSA, Vera Lúcia; ENDO, Paulo César. O luto no processo de aborto provocado. Acta paul. enferm., São Paulo, v. 19, n. 4, p. 462-467, dez. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002006000400016&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 03 abr. 2021.

GONDAR, Jô. Ferenczi como pensador políticoFerenczi as a political thinker. Cad. psicanal., Rio de Janeiro, v. 34, n. 27, p. 193-210, dez. 2012. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-62952012000200011&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 28 mar. 2021.

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, p. 223-244. 1984. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4584956/mod_resource/content/1/06%20-%20GONZALES%2C%20L%C3%A9lia%20-%20Racismo_e_Sexismo_na_Cultura_Brasileira%20%281%29.pdf. Acesso em: 29 mar. 2021.

GONZÁLEZ, Licia; BORGES, Rodolfo. Pandemia adia igualdade de gênero por mais uma geração. El País, 31 mar. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/sociedade/2021-03-31/pandemia-adia-igualdade-de-genero-por-mais-uma-geracao.html. Acesso em: 31 mar. 2021.

GUZMAN, Adriana. Abortar é memória ancestral. Nosso corpo sabe como parir e sabe como abortar [Entrevista cedida a] Vandreza Amante e Morgani Guzzo. Portal Catarinas, 19 mar. 2021. Disponível em: https://catarinas.info/abortar-e-memoria-ancestral-nosso-corpo-sabe-como-parir-e-sabe-como-abortar/. Acesso em: 22 mar. 2021.

HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. 1. ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018.

MARTINS, Cyro. As trágicas feridas emocionais do aborto. Revista OITENTA, n. 3, Porto Alegre, L&PM Editores, p. 139-45, 1981. [online] Disponível em; http://www.celpcyro.org.br/joomla/index.php?option=com_content&view=article&Itemid=56&id=229. Acesso em: 01 abr. 2021.

MENEZES, Greice M. S. et al. Aborto e saúde no Brasil: desafios para a pesquisa sobre o tema em um contexto de ilegalidade. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, supl. 1, e00197918, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2020001304001&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 mar. 2021.

MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Interrupção voluntária de gestação e impacto na saúde da mulher. 3 ago. 2018. [online] Disponível em: https://www.jota.info/wp-content/uploads/2018/08/312d26ded56d74e21deec42b8cf612e8.pdf. Acesso em: 11 abr. 2021.

PRECIADO, Beatriz. Liberar o feminismo das políticas identitária. UniNômade Brasil, 9 mai. 2014. Disponível em: https://uninomade.net/tenda/liberar-o-feminismo-das-politicas-identitarias/ Acesso em: 14 mar. 2021.

ROCHA, Camila. Cristianismo ou conservadorismo? O caso do movimento anti-aborto no Brasil. Revista TOMO, São Cristóvão – Sergipe, n. 36, p. 43-77, 2020. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/tomo/article/view/12777. Acesso em: 12 abr. 2021.

VAGGIONE, Juan Marco. A restauração legal: o neoconservadorismo e o direito na América Latina. In: BIROLI, Flávia; MACHADO, Maria das Dores Campos; VAGGIONE, Juan Marco. Gênero, neoconservadorismo e democracia: disputas e retrocessos na América Latina. Boitempo, São Paulo: 2020. p. 41-82.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Preventing unsafe abortion. 25 set. 2020. [online]. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/preventing-unsafe-abortion. Acesso em: 27 mar. 2021.

Publicado

2022-10-18

Cómo citar

NOGUEZ, camila maggi rech; GOLDMEIER, P. PANDEMIA E TRAUMA - DESTINOS E DISSILÊNCIOS DE ABORTOS E PSICANÁLISES. Revista Feminismos, [S. l.], v. 10, n. 2 e 3, 2022. DOI: 10.9771/rf.v10i2 e 3.45176. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/45176. Acesso em: 17 ago. 2024.

Número

Sección

Ensaios