O HIP HOP COMO ESTRATÉGIA DE ORGANIZAÇÃO DA RAIVA

CONTRIBUIÇÕES PARA SOBREVIVÊNCIA DE MULHERES NEGRAS DE FAVELAS

Autores

  • Tamillys Lirio da Silva Universidade Federal do ABC Paulista - UFABC
  • Bruna Mendes Universidade Federal do ABC - UFABC https://orcid.org/0000-0002-4017-0384

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.v12i1.61038

Palavras-chave:

Hip Hop, raiva, racismo, mulheres negras, estratégias de sobrevivência

Resumo

Audre Lorde, mulher negra, professora, lésbica, mãe, poetisa nos anos 80 nos deixou lições, pensamentos e conceitos vanguardistas, dentre estes, sobre as estratégias para lidar com a raiva. Lorde sugere que as mulheres negras possam organizar suas raivas, sobretudo, para sobreviver. Inspiradas por essa provocação, neste artigo analisamos o movimento Hip Hop como uma das estratégias encontradas pela população negra que vive nas periferias dos grandes centros urbanos brasileiros para organizar suas raivas. Para tanto, apresentamos o pensamento de Lorde sobre a raiva e articulamos suas ideias com o contexto brasileiro, com as contribuições de Beatriz Nascimento e Marielle Franco, adentrando no mundo do Hip Hop por sua história e pelo olhar sobre as produções das rappers Nega Gizza e Dina Di, analisamos sua produção artística como via para a organização da raiva e sua sobrevivência, assim como de suas comunidades. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tamillys Lirio da Silva, Universidade Federal do ABC Paulista - UFABC

Mulher negra, ex-empregada doméstica de periferia, mestranda em Ciências Humanas e Sociais pelo Programa de Pós Graduação da Universidade Federal do ABC- UFABC, psicóloga e ativista de Direitos Humanos através do Movimento Hip Hop. Este artigo faz parte do processo de elaboração que culminará na dissertação de mestrado e as citações em primeira pessoa são experiências da mestranda. Endereço: Av. Angélica, 1777, apto 62, Consolação, São Paulo. Tel.:(22)99734-9920. E-mail: tamillys.lirio@aluno.ufabc.edu.br;

Bruna Mendes, Universidade Federal do ABC - UFABC

Doutora e Mestra em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Possui também Mestrado em Gênero e Política de Igualdade pela Universidade de Valência (Espanha) e Especialização em Economia Solidária e Tecnologia Social na América Latina (Unicamp).UFABC - Universidade Federal do ABC. CCNH - Centro de Ciências Naturais e Humanas. Campus Santo André - Avenida dos Estados, 5001 - Bairro Bangu. Tel.:(11)2320 6255. E-mail:bruna.mendes@ufabc.edu.br.

Referências

DINA DI; LAKERS; VISÃO DE RUA;DJ KL JAY. Mente Engatilhada. Produção KL JAY. Vol.3. In: Equilibrio, 2001.

FOCHI, M. A. B. ; Hip hop brasileiro: tribo urbana ou movimento social?. FACOM. Revista de Comunicação da FAAP , v. 17, p. 61-69, 2007.

FOLHA DE SÃO PAULO; GRAMADO, Paulo. Professora pode ter sido morta por racismo. Grupo Folha. São Paulo, 1995. [online] Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/1/31/cotidiano/37.html >. Acesso em 25 de março de 2024.

FRANCO, Marielle, BUENO, Winnie (org). A emergência da vida para superar o anestesiamento social frente à retirada de direitos: o momento pós-golpe pelo olhar de uma feminista, negra e favelada. In: Tem saída? Ensaios críticos sobre o Brasil. Editora Zouk, Brasil, 2017. [online] Disponível em: < https://www.editorazouk.com.br/Capitulo-MarielleFranco.pdf> Acesso em 19 de outubro de 2023 > Acesso em 25 de março de 2024

FUNDAÇÃO VIVO. Quem foi Carolina Maria de Jesus e qual é o seu legado para a educação? 2021. [online]. Disponível em: < https://www.fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/quem-foi-carolina-maria-de-jesus-e-qual-seu-legado-para-a-educacao/ > Acesso em 25 de março de 2024

GLOBO; NASCIMENTO, Rafael. Quem são os suspeitos de mandar matar Marielle. Portal G1. Rio de Janeiro, 2024. [online] Disponível em: < https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/03/24/quem-sao-os-suspeitos-de-mandar-matar-marielle.ghtml >. Acesso em 25 de março de 2024.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Flavia Rios, Márcia Lima.(org). —1ª ed.— Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

IBGE. Agência IBGE Notícias. Pessoas pretas e pardas continuam com menor acesso a emprego, educação, segurança e saneamento. Editoria Estatísticas Sociais. Uberlândia Cabral. 2022. [online] Disponível em < https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/35467-pessoas-pretas-e-pardas-continuam-com-menor-acesso-a-emprego-educacao-seguranca-e-saneamento > Acesso em 21 de setembro de 2023.

IPEA. Estudo mostra desigualdades de gênero e raça no Brasil em 20 anos. Disponível em:

JORGE, Andrezza. Feminismos Favelados: uma experiência no Complexo da Maré. Ed.Bazar do Tempo, 2023.

KILOMBA, Grada. Memórias de Plantação: Episódios de Racismo Cotidiano. Tradução: Jess Oliveira. 1. Ed. Editora Cobogó, Rio de Janeiro, Brasil, 2019.

LORDE, Audre. Irmã Outsider: Ensaios e Conferências. Tradução Stephanie Borges. 1 Ed. Autêntica Editora. Belo Horizonte, Brasil, 2019.

_______________. (1985). Sou sua irmã: Escritos reunidos e inéditos de Audre Lorde. Tradução Stephanie Borges. São Paulo. Ubu Editora, 2020.

NASCIMENTO, Beatriz. Uma história feita por mãos negras. Editora Schwarcz Companhia das Letras, 2021.

NEGA GIZZA. Prostituta. Compositora: Nega Gizza. In: Na Humildade. Intérprete: Nega Gizza. [S.I.]: Muquifo Records, 2000.

NEGA GIZZA: In Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Culturas Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. [online] Disponível em: < https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa507636/nega-gizza >. Acesso em 25 de março de 2024.

GLOBO. Pioneira do Rap e homenageada pelo google: quem foi Dina Di, cantora de Campinas que morreu há 12 anos. [online] Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2022/03/20/pioneira-no-rap-e-homenageada-pelo-google-quem-foi-dina-di-cantora-de-campinas-que-morreu-ha-12-anos.ghtml > Acesso em 21 de setembro de 2023.

ONU Mulheres. Mulheres Negras e COVID-19. Incorporando Mulheres e Meninas na resposta à pandemia da COVID-19. In: Informe v2 15.10.2020. Brasil, 2020. [online] Disponível em:<https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2020/12/COVID19_2020_informe2.pdf > Acesso em 21 de setembro de 2023.

RACIONAIS MC’s. Negro Drama.Edi Rock e Mano Brown. Compositores: Edi Rock e Mano Brown.In: NADA como um dia após o outro dia. Intérpretes: Racionais MC’s. [S.I.]: Cosa Nostra, 2005. 1 CD, faixa 5.

USP. Jornal da USP. No Brasil, mulheres negras têm maior mortalidade por covid que qualquer grupo na base do mercado de trabalho: Desigualdades raciais e de gênero aumentam a mortalidade pela covid-19, mesmo dentro da mesma ocupação. São Paulo. ISSN - 2525-6009. Set.2021. [online] Disponível em: <https://jornal.usp.br/ciencias/mulheres-negras-tem-maior-mortalidade-por-covid-19-do-que-restante-da-populacao/ >. Acesso em 03 de Junho de 2023.

Downloads

Publicado

2024-06-26

Como Citar

LIRIO DA SILVA, T.; MENDES, B. O HIP HOP COMO ESTRATÉGIA DE ORGANIZAÇÃO DA RAIVA: CONTRIBUIÇÕES PARA SOBREVIVÊNCIA DE MULHERES NEGRAS DE FAVELAS. Revista Feminismos, [S. l.], v. 12, n. 1, 2024. DOI: 10.9771/rf.v12i1.61038. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/61038. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Mulheres e Músicas: De Cantos e Encantos