ENCARCERAMENTO DE MULHERES E MITO DA DEMOCRACIA RACIAL
INVISIBILIDADES DE MULHERES NEGRAS E POSSIBILIDADES FEMINISTAS ANTI-CARCERÁRIAS NO TEMPO PRESENTE
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.v11i2.57440Palavras-chave:
Mulheres Negras, Encarceramento, Mito da Democracia Racial, Invisibilidades, Feminismo Abolicionista.Resumo
As estatísticas de mulheres encarceradas no Brasil do Tempo Presente, sobretudo dos anos de 2000 a 2016, comprovam que ocorreu um aumento de, 656% no número total de mulheres em situação de cárcere, sendo, mais de 62% negras. Os altos números requerem um rastreio histórico-social que envolve o detalhamento de uma estrutura de opressão. Este artigo, por meio de uma análise qualitativa e quantitativa, documental e bibliográfica, tem por objetivo conceituar fatores desse sistema, como o mito da democracia racial, como um dos mecanismos cruciais de invisibilidade de mulheres negras, considerando o feminismo abolicionista e os movimentos sociais negros como aliados frente a um processo histórico de dominação institucional, carcerário e racista. Assim, este estudo apresenta um emaranhado de temas que perpassam pelo tripé gênero, classe e raça, não somente no que tange a historicidade punitiva como também nas possibilidades de resistências.
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