(RE) CONSTRUINDO A CIÊNCIA: BASES COMUNS DO PROJETO EPISTÊMICO FEMINISTA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.v11i2.56140

Palavras-chave:

feminismo; estudos de gênero e ciência; epistemologia feminista.

Resumo

A partir de distintas perspectivas, teóricas feministas têm nos mostrado como a ciência é moldada por valores e pelo contexto histórico-social, desvelando, assim, o mito da neutralidade científica e abrindo espaço para a construção de um novo projeto epistêmico. Dentro desta temática, o objetivo central desta pesquisa é contribuir para a compreensão teórica acerca da dimensão epistêmica dos estudos feministas de gênero e ciência. Para isso, analisamos alguns conceitos basilares da Epistemologia Feminista –  a saber, ‘conhecimento situado’, de Donna Haraway, ‘objetividade forte’, de Sandra Harding, e ‘objetividade como processo social’, de Helen Longino  –  com vistas a identificar pontos comuns que estruturam este debate e que podem ser apontados como organizadores de um projeto de (re) construção da ciência ancorado no feminismo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jocieli Decol, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

  Mestra em Sociologia e Ciência Política (UFSC). Especialista em Epistemologias do Sul (CLACSO- Argentina). Bacharela em Relações Internacionais (UFSM).

Referências

ALCOFF, Linda; POTTER, Elizabeth (Eds.). Feminist Epistemologies. Nova Iorque: Routledge, 1993.

ANDERSON, Elizabeth. Feminist Epistemology and Philosophy of Science. In: ZALTA, Edward N. (Ed.) The Stanford Encyclopedia of Philosophy. [online]. 2020. Disponível em: https://plato.stanford.edu/cgi-bin/encyclopedia/archinfo.cgi?entry=feminism-epistemology Acesso em: 10 set. 2021.

BAGILHOLE, Barbara; GOODE, Jackie. The contradiction of the myth of individual merit, and the reality of a patriarchal support system in academic careers: A feminist investigation. European Journal of Women’s Studies, v. 8, n. 2, p. 161-180, 2001.

BERMAN, Ruth. Do dualismo de Aristóteles à dialética materialista: a transformação feminista da ciência e da sociedade. In: JAGGAR, Alison M.; BORDO, Susan R. Gênero, corpo, conhecimento. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997. p. 241-275.

CECH, Erin A.; BLAIR-LOY, Mary. Perceiving glass ceilings? Meritocratic versus structural explanations of gender inequality among women in science and technology. Social Problems, v. 57, n. 3, p. 371-397, 2010.

CITELI, Maria Teresa. Mulheres nas ciências: mapeando campos de estudo. Cadernos Pagu, n. 15, p. 39-75, 2000. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8635362 Acesso em: 5 jun. 2021.

CODE, Lorraine (Ed.). Encyclopedia of Feminist Theories. Londres: Routledge, 2000.

FARGANIS, Sondra. O Feminismo e a Reconstrução da Ciência Social. In: Alison M. Jaggar e Susan Bordo (orgs). Gênero, Corpo, Conhecimento. Rio de Janeiro: Record/Rosa dos Tempos, 1997. p. 224-240.

GÓES, Juliana. Ciência sucessora e a (s) epistemologia (s): saberes localizados. Revista Estudos Feministas, v. 27, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n148373 Acesso em: 08 out. 2020.

GRASSWICK, Heidi E. (Org). Feminist Epistemology and Philosophy of Science: Power in Knowledge. Nova Iorque: Springer Netherlands, 2011.

GRASSWICK, Heidi E. Feminist Social Epistemology. In: ZALTA, Edward N. (Ed.) The Stanford Encyclopedia of Philosophy [online]. 2018. Disponível em: https://plato.stanford.edu/archives/fall2018/entries/feminist-social-epistemology Acesso em: 05 maio 2021.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, n. 5, p. 7-41, 1995. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773/1828 Acesso em: 20 fev. 2021.

HARDING, Sandra. The science question in feminism. Nova Iorque: Cornell University Press, 1986.

HARDING, Sandra. Rethinking Standpoint Epistemology: “What Is Strong Objectivity”? In: ALCOFF, Linda; POTTER, Elizabeth (Eds.). Feminist Epistemologies. Nova Iorque: Routledge. 1993. p. 49-82.

HARDING, Sandra. Whose Science? Whose Knowledge? – Thinking from Women’s Lives. Nova Iorque: Cornell University Press, 1991.

HARDING, Sandra. Objetividade mais forte para ciências exercidas a partir de baixo de Sandra Harding. Em Construção: arquivos de epistemologia histórica e estudos de ciência, n. 5, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.12957/emconstrucao.2019.41257 Acesso em: 02 maio. 2021.

JAGGAR, Alison M.; BORDO, Susan R. (Ed). Gênero, corpo, conhecimento. Tradução de Brítta Lemos de Freitas. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997.

JORDANOVA, Ludmilla. Gender and the Historiography of Science. The British Journal for the History of Science, v. 26, n. 4, p. 469-483, 1993.

KELLER, Evelyn Fox. Qual foi o Impacto do Feminismo na Ciência? Cadernos Pagu, n. 27, p. 19-50, Dez/2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-83332006000200003 Acesso em: 15 ago. 2021.

KETZER, Patrícia. Epistemologia Feminista [online]. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/2021/10/13/epistemologia-feminista/ Acesso em: 02 dez. 2021.

LETA, Jacqueline. As mulheres na ciência brasileira: crescimento, contrastes e um perfil de sucesso. Estudos avançados, v. 17, p. 271-284, Dez/2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000300016 Acesso em: 18 jan. 2021.

LONGINO, Helen E. Can there be a feminist science? Hypatia, v. 2, n. 3, p. 51-64, 1987.

LONGINO, Helen E. Science as Social Knowledge: Values and Objectivity in Scientific Inquiry. Nova Jérsei: Princeton University Press, 1990.

LONGINO, Helen E. Epistemologia Feminista. In: GRECO, John.; SOSA, Ernest. (Ed). The Blackwell Guide to Epistemology. Massachusetts: Wiley-Blackwell, 1999.

LONGINO, Helen E.; LENNON, Kathleen. Feminist epistemology as a local epistemology. Proceedings of the Aristotelian Society, Supplementary Volumes, v. 71, p. 19-54, 1997.

LONGINO, Helen; KOHLSTEDT, Sally Gregory. The women, gender, and science question: What do research on women in science and research on gender and science have to do with each other? Osiris, v. 12, p. 3-15, 1997.

LOPES, Maria Margaret; COSTA, Maria C. Problematizando ausências: mulheres, gênero e indicadores na História das Ciências. In: MORAES, Maria L. Q. (Org.). Gênero nas Fronteiras do Sul, p. 75-83, 2005.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Petrópolis: vozes, 1997.

LLOYD, Genevieve. The man of Reason. ‘Male’ and ‘Female’ in Western Philosophy. 2. ed. Londres: Routledge, 1993.

LOWY, Ilana. Ciências e gênero. In: KERGOAT, Danièle; HIRATA, Helena. Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: UNESP, 2009, p. 40-44.

MELO, Hildete Pereira de; RODRIGUES, Lígia M.C.S. Pioneiras da ciência no Brasil. Rio de Janeiro: SBPC, 2006.

MERCHANT, Carolyn. The Death of Nature: Women, Ecology, and the Scientific Revolution. San Francisco: Harper & Row Publishers, 1980.

OLIVA, Alberto. Teoria do conhecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

PLUMWOOD, Val. Feminism and the Mastery of Nature. Londres: Routledge, 1993.

REICHENBERGER, Andrea; VERGARA, Moema. Women in Sciences: Historiography of Science and History of Science – on the Work of Women in Sciences and Philosophy – introduction. Transversal: International Journal for the Historiography of Science, v. 6, p. 3-5, jun. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.24117/2526-2270.2019.i6.02 Acesso em: 10 maio. 2021.

SARDENBERG, Cecilia Maria Bacellar. Da crítica feminista à ciência a uma ciência feminista? Labrys – Estudos Feministas, v. 11, p. 45−62, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/6875 Acesso em: 09 nov. 2020.

SATTLER, Janyne. Epistemologia Feminista. [online]. Disponível em: https://cpgd.paginas.ufsc.br/files/2019/05/Epistemologia-Feminista-texto-para-leitura-pr%C3%A9via.pdf Acesso em: 12 fev. 2020.

SCHIEBINGER, Londa. The history and philosophy of women in science: A review essay. Signs: Journal of Women in Culture and Society, v. 12, n. 2, p. 305-332, 1987.

SCHIEBINGER, Londa. The mind has no sex? Women in the origins of modern science. Londres: Harvard University Press, 1991.

SCHIEBINGER, Londa. O feminismo mudou a ciência? Tradução de Raul Fiker. Bauru: EDUSC, 2001.

SCHIEBINGER, Londa. Mais mulheres na ciência: questões de conhecimento. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 15, p. 269-281, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-59702008000500015 Acesso em: 20 out. 2021.

SMITH, Dorothy, E. Everyday world as Problematic − a feminist Sociology. Boston: Northeastern University Press, 1987.

STANLEY, Liz. Feminist praxis and the academic mode of production. In: STANLEY, Liz. (Ed). Feminist Praxis: Research, Theory and Epistemology in Feminist Sociology. Nova Iorque: Routledge, 2012, p. 3-20.

TABAK, Fanny. Apesar dos avanços: obstáculos ainda persistem. Cadernos de gênero e tecnologia, v. 3, n. 11, p. 9-20, 2007. Disponível em: 10.3895/cgt.v3n11.6164 Acesso em: 02 set. 2021.

Downloads

Publicado

2024-01-22

Como Citar

DECOL, J. (RE) CONSTRUINDO A CIÊNCIA: BASES COMUNS DO PROJETO EPISTÊMICO FEMINISTA. Revista Feminismos, [S. l.], v. 11, n. 2, 2024. DOI: 10.9771/rf.v11i2.56140. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/56140. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Os Feminismos no Brasil: reflexões teóricas e perspectivas