Adaptação ao ensino superior: os domínios e os três tempos de afiliação
DOI:
https://doi.org/10.9771/re.v13i02.45690Resumo
Com a democratização do acesso ao ensino superior, surgiu o interesse de investigar a adaptação de jovens oriundas de classes populares ao contexto universitário. Assim, objetivou-se caracterizar o perfil de 26 uni- versitárias do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual de Feira de Santana no interior da Bahia, e as particularidades interpessoais, acadêmicas e vocacionais durante os três tempos de adaptação. Trata-se de uma pesquisa de campo, do tipo descritiva, a partir de levantamento de dados com uso de questionário. A análise dos dados se deu de forma quantitativa a partir do programa SPSS, versão 26, a partir de frequências absolutas e relativas. As participantes foram mulheres entre 18 e 23 anos, negras e mo- radoras de Feira de Santana, em sua maioria. No domínio interpessoal, elas demonstraram bom convívio e facilidade para se comunicar com colegas, pouca interação com docentes e desagrado por estar na universidade sem aula. Quanto ao domínio acadêmico, apresentaram satisfação com o curso escolhido, cansaço para frequentar aulas e pouco tempo de lazer. No domínio vocacional, a maioria das participantes respondeu imaginar boas perspectivas profissionais e boa inserção no mercado de trabalho, mas não souberam se iriam obter reconhecimento social e financeiro que o curso escolhido poderia lhes trazer. Conclui-se que na dinâmica de adaptação, houve equilíbrio no jogo de forças que dificultam ou facilitam a afiliação. Os pares mostraram- -se um suporte afetivo positivo no processo, enquanto a comunicação com professores e o suporte institucional precisavam ser fortalecidos para garantir um melhor engajamento estudantil.
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