Testamentos das gentes das maravilhas

Autores

  • Luciene Souza Santos Universidade Estadual de Feira de Santana
  • Mary de Andrade Arapiraca Faculdade de Educação - Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.9771/re.v6i2.21675

Palavras-chave:

tradição oral, narrativas orais, arte de contar histórias.

Resumo

Este ensaio tenciona demonstrar o inesgotável valor das narrativas orais como patrimônio cultural da humanidade. A partir de especulações próprias e diálogos com estudiosos, são apresentadas, sob a forma de testamentos, algumas das valiosas contribuições da tradição oral, especialmente na arte de contar histórias. Fontes de encantamento e sabedoria, as narrativas da tradição oral, contadas e recontadas com muita arte através de séculos, constituem subjetividades pela via do encantamento. Nessa perspectiva – ao colaborar para o autoconhecimento e o estabelecimento de sentidos para a vida – as narrativas orais assumem uma dimensão educacional e terapêutica, geração após geração, para além de tempos e lugares. Analisa-se, ainda, a importância dos dielis ou griots, difusores de culturas africanas, que embelezam as narrativas orais pelo manejo afiado da palavra recolhida e espalhada, bem como a dos saberes transmitidos pelas narrativas da memória cultural do povo indígena, no Brasil. Destacam-se, também, as narrativas bíblicas como constituintes do universo dos contos da tradição oral, pois elas expressam as mesmas questões humanas e universais presentes em tantos outros contos da tradição oral. Finalmente, pelo tanto que agregam valores às diversas gerações, destaca-se, historicamente, o papel das mulheres no universo dos narradores e das narrativas da tradição oral.

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Publicado

2017-10-30

Como Citar

Santos, L. S., & Arapiraca, M. de A. (2017). Testamentos das gentes das maravilhas. Revista Entreideias: Educação, Cultura E Sociedade, 6(2). https://doi.org/10.9771/re.v6i2.21675

Edição

Seção

Artigos