A Dominação Legitimada do Excluído na Escola e na Sociedade: breve trajetória da subjugação do humano a partir do seu aparte do ambiente natural
DOI:
https://doi.org/10.9771/re.v6i2.17252Palavras-chave:
Desnaturalização, Educação, Humanização, Natureza e Cultura, Objetificação.Resumo
O presente ensaio é uma revisão bibliográfica crítica sobre o tema da dominação do humano pelo humano por meio de um mecanismo de aparte do ambiente natural que vem se constituindo historicamente e culmina numa espécie de naturalização do processo de subjugação/objetificação do outro. É utilizado referencial teórico que mescla autores da área das Ciências Sociais e da Filosofia enfocando aspectos referentes à formação humana. Nesse sentido, são de contribuição importante para as reflexões aqui empreendidas os trabalhos de Humberto Maturana (2002; 2009), Tomaz Tadeu da Silva (1992; 1994) e Leonardo Boff (2009). Parte-se da hipótese de que a perspectiva da ciência e o ideal humanista permeiam a estrutura social que acaba excluindo indivíduos da humanidade (desnaturalizada) para, uma vez quase animalizados, dominá-los (objetificando-os). No texto são analisadas pormenorizadamente as consequências disso na instituição escolar, mas também é feito um panorama de como outras instituições e mecanismos contribuíram historicamente para a dominação do humano. Esse processo de exclusão e domínio, de acordo com o argumento aqui utilizado, se tornam legítimos em virtude da dissociação entre espécie humana e natureza. Assim, uns excluem outros que, excluídos, são legitimamente dominados enquanto “naturais” (portanto objetificáveis) ou “de difícil humanização/socialização”. Ou seja, gradativamente minorando a autonomia da Vida enquanto sistema dinâmico (a objetificando), abrimos – muitas vezes ao querer extingui-las – um leque de oportunidades para a dominação (que se dá, por exemplo, por objetificação) em diversas instâncias e níveis.Downloads
Referências
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