A relação entre o mito de Dionísio e a tragédia grega em Nietzsche
Resumo
Esse artigo tem como objetivo apresentar a relação intrínseca que existe entre o mito de Dionísio e o surgimento da Tragédia Grega apresentada por Nietzsche na obra O nascimento da tragédia. Nesse contexto, Apolo e Dionísio simbolizam, cada um, uma força/impulso que são parte do que há de essencial na arte, no homem e até na própria natureza. Desse modo, Apolo, o deus do sol, representa a força essencial humana do limite, da contemplação, da harmonia, da beleza, da aparência, da simetria e do uso da racionalidade. Já Dionísio, deus do vinho, representa a reconciliação do homem com a natureza, a força do instinto, a embriaguez, o sexo e o sofrimento. No entanto, em seus primórdios, a arte trágica surge como um culto ao deus Dionísio. Sendo assim, Dionísio representava a dor, o sofrimento, a devastação e, por outro lado, era também a expressão da vida em seu aspecto mais primordial. O mito de Dionísio aparece em O nascimento da tragédia, como metáfora para trazer à tona a dimensão ontológica do sofrimento. Portanto, o dionisíaco é a parte prevalecente na essência da arte trágica e só compartilha esse espaço com o apolíneo quando a tragédia começa a dar espaço para aspectos racionais, como o diálogo. Com isso, o dionisíaco começa a perder seu lugar de direito e sinaliza para a decadência da arte trágica.
Downloads
Referências
ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Antônio Carvalho. São Paulo:
Difusão Européia do Livro, 1959.
CASANOVA, M. A. O instante extraordinário: vida, história e valor
na obra de Friedrich Nietzsche. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
DIAS, R. M. Arte e vida no pensamento de Nietzsche. In: Cadernos
Nietzsche, v. 36, p. 58-72, 2015.
FREITAS, G. S. O labirinto da arte trágica nos primeiros escritos de
Nietzsche.(Dissertação de Mestrado). Universidade São Judas Tadeu,
São Paulo, 2007. 117 páginas.
NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia ou helenismo e pessimismo.
Tradução, notas e posfácio: J Guinsburg. São Paulo: Companhia
das Letras, 2007.
_____. Introdução à tragédia de Sófocles. Tradução e notas Marcos
Sinésio Pereira Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
PEREIRA, C. L. J. Nietzsche e a fisiologia da arte. São Paulo: Cadernos
Nietzsche, 2015.
SCHOPENHAUER, A. Parerga e paralipomena. Tradução de Wolfgang
Leo Maar. São Paulo: Nova Cultura, 1988. (Os pensadores).
_____. Metafísica do belo. Tradução de Jair Barbosa. São Paulo:
Editora UNESP, 2003.