A relação entre o mito de Dionísio e a tragédia grega em Nietzsche
Abstract
Esse artigo tem como objetivo apresentar a relação intrínseca que existe entre o mito de Dionísio e o surgimento da Tragédia Grega apresentada por Nietzsche na obra O nascimento da tragédia. Nesse contexto, Apolo e Dionísio simbolizam, cada um, uma força/impulso que são parte do que há de essencial na arte, no homem e até na própria natureza. Desse modo, Apolo, o deus do sol, representa a força essencial humana do limite, da contemplação, da harmonia, da beleza, da aparência, da simetria e do uso da racionalidade. Já Dionísio, deus do vinho, representa a reconciliação do homem com a natureza, a força do instinto, a embriaguez, o sexo e o sofrimento. No entanto, em seus primórdios, a arte trágica surge como um culto ao deus Dionísio. Sendo assim, Dionísio representava a dor, o sofrimento, a devastação e, por outro lado, era também a expressão da vida em seu aspecto mais primordial. O mito de Dionísio aparece em O nascimento da tragédia, como metáfora para trazer à tona a dimensão ontológica do sofrimento. Portanto, o dionisíaco é a parte prevalecente na essência da arte trágica e só compartilha esse espaço com o apolíneo quando a tragédia começa a dar espaço para aspectos racionais, como o diálogo. Com isso, o dionisíaco começa a perder seu lugar de direito e sinaliza para a decadência da arte trágica.
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