NEGRA PARAÍBA: RACISMO RELIGIOSO E O CASO DA ESTÁTUA DE IEMANJÁ EM JOÃO PESSOA.
Palavras-chave:
Direito À Cidade; Interseccionalidade; Patrimônio; Preservação Ambiental; Racismo Religioso.Resumo
Este trabalho se dedica e problematizar elementos do racismo religioso na cidade de João Pessoa. A partir desta realidade e adotando enquanto objeto de análise a violenta condição de depredação permanente da estátua de Iemanjá, na orla de cidade, a discussão se desenvolve a partir de questões sobre racismo estrutural (ALMEIDA, 2019); direito à cidade; e luta por reconhecimento a partir de formas de interseccionalidade, (COLLINS, 2019) protagonizadas pelas Iyálorixás da Paraíba. Na encruzilhada que reside no contraponto entre: o avanço do mercado imobiliário e a luta por preservação ambiental de alguns núcleos, observou-se um contexto de negligência e perseguição enfrentada pelas religiões negras neste território. Para a construção deste artigo foram utilizadas enquanto metodologia: observação participante; etnografias; entrevistas e notícias jornalísticas, além de meu próprio testemunho enquanto mulher negra de Axé. Assim, o estudo acerca do fato mencionado trata-se de uma tentativa em elaborar um quadro analítico sobre a luta por reconhecimento do povo-de-santo da Paraíba na contracorrente de episódios consecutivos e incessantes de intolerância religiosa. Na interface com processos de reconhecimento cultural e urbanístico, este trabalho busca, além de dar visibilidade ao caso, analisar a emergência de ações de preservação ambiental protagonizadas por Iyálorixás enquanto lideranças comunitárias na linha de frente deste conflito.