COMO OS PROCESSOS DE URBANIZAÇÃO REFORÇAM UM FAZER-CIDADE RACISTA: UMA REFLEXÃO A PARTIR DE PORTO ALEGRE/RS
Palavras-chave:
Territorialidades Negras; Racismo Estrutural; Planejamento urbano; Porto Alegre/RSResumo
A questão racial no planejamento urbano não é muito abordada no Brasil, e as particularidades das territorialidades negras continuam invisibilizadas e subordinadas às práticas urbanas hegemônicas. Nesse sentido, compreender a mercantilização da cidade, o racismo como modo de estrutura social e os processos de urbanização hegemônicos nos permite refletir sobre a perpetuação da produção urbana racista e da desigualdade social brasileira. Assim, partindo de reflexões teóricas, observaremos esses processos que marcam a trajetória de Porto Alegre/RS, com o objetivo de refletir sobre as questões étnico-raciais nos padrões de planejamento e nos processos de (des)envolvimento da cidade, buscando compreender e denunciar as dinâmicas de exclusão das territorialidades negras na cidade, entendidas neste artigo por quilombos urbanos e bairros negros. A análise da cidade se deve por seu caráter complexo e, por vezes, paradoxal, pois por um lado é considerada pioneira no âmbito do planejamento urbano e é reconhecida mundialmente pelo Orçamento Participativo, ao passo que é lembrada por seus grandes projetos urbanos e suas remoções de populações pretas e pobres das áreas centrais para a periferia. Com isso é possível entender que a participação popular no planejamento urbano é seletiva e racializada, corroborando as ações do Estado que privilegiam o mercado imobiliário e os capitalistas raciais e marginalizam a população negra.