MENDIGANDO ESTUDANTES”: SEGREGAÇÃO RACIAL DO ESPAÇO E VIOLÊNCIA URBANA NA EXPERIÊNCIA DE EDUCADORES/AS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO EM SALVADOR/BA
Palavras-chave:
Escola Pública; Atuação Docente; Segregação Racial do Espaço; Violência Urbana; Juventude NegraResumo
O abandono escolar difere do processo de evasão por seu caráter extraordinário: pode ocorrer a qualquer tempo durante o ano letivo. Pensando escola pública, em que a maioria dos/as estudantes de sua comunidade é negra, há um risco eminente de abandono por motivação de violência, cenário apresentado no Atlas da Violência 2017, onde a cada 23 minutos um jovem negro de 15 a 29 anos é assassinado no Brasil. Além da possibilidade da perda de membros do corpo estudantil, existe a relação diária com um contexto de desumanidades, presenciando diariamente paisagens de dor e perda, que reproduzem-se em posturas e comportamentos no espaço de socialização que é a escola. Este artigo pretende compreender como a escola lida com esta conjuntura, a partir da experiência de educadoras/es que atuam nesta condição de vulnerabilidades. A pesquisa é do tipo qualitativa, e utilizou-se de Entrevistas Compreensivas a fim de proceder à produção dos dados. Objetiva-se analisar as diferentes facetas dos processos psicossociais resultantes de contextos de luto ou abandono escolar de jovens negros/as, de modo a compreender como estes impactam as vivências de educadores/as que atuam na rede estadual de ensino em Salvador/BA. Os resultados apontam que educadores/as, podem identificar mudanças de postura, quedas de rendimento, comportamentos destrutivos e até mesmo, o abandono por óbito do/a estudante, havendo a necessidade de um diálogo franco sobre violências e processos de luto para influenciar palavras e ações na comunidade escolar, e o desenvolvimento de um espaço de acolhimento.