ESPACIALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA LETAL EM CONTEXTO DE SEGREGAÇÃO NA ORLA ATLÂNTICA DE SALVADOR
Palavras-chave:
Violência; Segurança Pública; Urbanismo; SegregaçãoResumo
Salvador é a quarta maior cidade brasileira, com o dobro da taxa nacional de homicídios (2019). No entanto, violência letal não age por igual, pois os maiores índices recaem no jovem, negro e morador de bairros populares, fenômeno complexo e que esta pesquisa discute. O estudo tem como lócus a Orla Atlântica de Salvador que, embora não seja a região mais violenta da cidade, destaca-se pelo dinamismo do mercado imobiliário e contiguidade de bairros populares e de alta renda. Dessa forma, analisaram-se estatísticas de violência letal (2018-2020), sem a intenção do agente, seja praticado por policial (de folga ou em serviço) ou por cidadão civil. Sob a visão das complexidades da violência letal (por cumplicidade ou omissão do Estado), buscaramse relações com as desigualdades socioespaciais e étnico-raciais. Para isso, além do estudo de indicadores socioeconômicos, fizeram-se tabulação e mapeamento das ocorrências. Tendo como unidade a vítima, levantaram-se nome, idade, sexo, local do crime, circunstâncias do confronto e meio utilizado. O volume de dados foi transformado em manchas de calor, que se sobrepuseram a mapas temáticos da cidade (densidade, renda, tipologia, cor/raça etc.), percebendo-se macrorrelações. As áreas de maior e menor ocorrência, em análise aproximativa, permitiram investigar as microrrelações nos bairros e, com isso, a desnaturalização da relação absoluta entre violência letal e bairros populares.