O CANDOMBLÉ NA OBRA DE LINA BO BARDI: UMA EVOCAÇÃO DO SAGRADO PELA TECTÔNICA
Palavras-chave:
Lina Bo Bardi; Candomblé; ModernismoResumo
A arquiteta italiana radicada no Brasil, Lina Bo Bardi, foi uma das pioneiras a utilizar o capital simbólico afro e inserir no elitizado mundo da arquitetura formal – projetada segundo os preceitos do academicismo ocidental sob o gênio criativo do arquiteto –. Olívia Oliveira (2006) ao fazer um apanhado crítico da herança arquitetônica deixada por Lina, chega a levantar alguns pontos da relação que esta mantinha com a cultura afro-brasileira, sobretudo com o candomblé. Essa aproximação com o universo religioso afro-brasileiro desencadeia efeitos subjetivos e objetivos. Do ponto de vista dos primeiros, constituindo um viés metafísico, a utilização da simbologia do candomblé possibilita a criação de espaços acolhedores permitindo aos usuários a experiência afetiva do lugar, capaz de (re) ligar o Ser (humano) com o Sagrado. Objetivamente, a estética produzida introduzia contradições na sua arquitetura formando um partido originado pelo hibridismo que unta o repertório do modernismo com a cultura popular. Havia em Lina a intencionalidade de projetar obras que manifestassem sua indignação com as contradições socioculturais geradas pelo ranço da colonização, refletida nas desigualdades de classe e no racismo estrutural.