CIDADES IMAGINÁRIAS: QUANDO AS CIDADES PROJETADAS E AS CIDADES INVISÍVEIS SE ENCONTRAM
Palavras-chave:
Cidades africanas, megacidades, Cidades InvisíveisResumo
Nas duas últimas décadas, houve uma concatenação de investimentos visando a construção de grandes empreendimentos urbanos no território africano. Esses empreendimentos são apresentados sob a forma de novas cidades que surgem em ambientes não urbanizados, reunindo narrativas de promessa de uma nova África, unida, moderna, inventiva e urbanizada. São cidades imaginadas e projetadas como grandes centros urbanos dotados de alta tecnologia e todo o conforto e vantagens imagináveis que uma cidade cosmopolita possa disponibilizar. No entanto, em uma análise mais atenta, essas cidades escondem questões que fogem ao discurso que as promove, e que merecem ser discutidas: elas são financiadas com capital estrangeiro, causam segregação social, problemas ambientais e de outras ordens. Reconhecendo a natureza de proposição quase fictícia desses empreendimentos, este artigo propõe descrevê-los com semelhante característica, entendendo que toda ficção está carregada de realidades ontológicas. Entendo que a narrativa assumidamente fictícia possibilita refletir sobre uma questão social sem se restringir a apenas uma única realidade específica, criticando e apontando questões sobre suas narrativas, conformação formal e segregação espacial que não estão presentes no discurso de venda desses empreendimentos. Nesse contexto, o objetivo deste ensaio é o de fazer uma crítica a esses projetos através da criação de narrativas fictícias, em que se vai utilizar como referência e inspiração, o livro “As cidades Invisíveis”, de Ítalo Calvino. Além disso, serão incorporados conceitos, críticas e ideias de filósofos africanos e afro-diaspóricos