“A OCUPAÇÃO SAPATÃO EM SALVADOR UMA INSURGÊNCIA AO ESPAÇO GEOGRÁFICO HEGEMÔNICO E AOS CERCEAMENTOS DO DIREITO À CIDADE”
Palavras-chave:
Ocupação Sapatão; Insurgência; Urbano; Territórios; Geografia; Direito à cidadeResumo
O objetivo deste trabalho é analisar as invisibilidades socioespaciais da mulher preta e sapatão na dimensão cultural do espaço vivido no centro da cidade de Salvador. Buscando tensionar e contrapor aos acessos e permanências dos espaços urbanos na cidade de Salvador/Ba na perspectiva do entretenimento para mulheres negras, lésbica, bissexuais e trans (LBT), cujo racismo e a LGBTfobia institucionais buscam invisibilizar a existência. A Ocupação Sapatão -Bahia é uma atividade cultural e insurgência, devido a presença de corpos femininos e negros no centro da cidade de Salvador que busca promover à visibilidade da preta LBT, resultando num movimento que reivindica o direito à cidade, tendo em vista que o espaço geográfico produzido/reproduzido sob capitalismo impõe a desumanização da mulher preta . A Ocupação Sapatão³, concebida por sete mulheres negras, lésbicas e bissexuais, moradoras da periferia soteropolitana tem como principal objetivo a descolonização dos espaços públicos da cidade, subvertendo simbólica e materialmente as delimitações espaciais impostas às sujeitas no que tange o acesso e uso dos espaços urbano públicos e /ou privados. As ações das três edições do evento contaram com a presença de uma quantidade significativa de mulheres vindas de diversos bairros da cidade, sobretudo os periféricos, ocupando o Bar de Ray e Lucy, sendo estas lésbicas e pretas, que na ocasião se dispuseram a ceder o bar para o evento. As edições permitiram um contra-fluxo de usuárias, demonstrando a potencialidade dessas mulheres que no cotidiano têm suas existências negada na reprodução do espaço geográfico, reverberando uma ação contra-hegemônica.