PROJETOS DE URBANIZAÇÃO HIGIENISTAS E SEGREGACIONISTAS ÉTNICO-RACIAIS NAS CIDADES BRASILEIRAS NO SÉCULO XX
Palavras-chave:
sanitarismo, segregação étnico-racial, direito à cidadeResumo
O início do século XX foi marcado pelo movimento sanitarista nas cidades brasileiras, impulsionado pela luta de médicos para que a saúde pública entrasse na agenda federal de maneira efetiva. Dessa forma, é pertinente estudar a modernização dos espaços urbanos, na tentativa de apagar resquícios herdados do atraso imperial, mas que, consequentemente, expulsou a população pobre e majoritariamente negra para as bordas das cidades. Nesse sentido, o Rio de Janeiro foi transformado nas primeiras décadas do século XX. A antiga capital federal e cartão postal nacional teve parte de suas ocupações faveladas removidas de áreas tidas como nobres, em favor de toda uma eficiente infraestrutura. Já no caso de São Paulo, o crescimento desenfreado das periferias estimulou as ocupações encortiçadas, que aumentaram também diante do descaso público com relação aos déficits habitacionais. O artigo aqui proposto pretende, portanto, com método de revisão bibliográfica, embasada principalmente na leitura das produções da arquiteta e urbanista Tainá de Paula, pontuar a segregação étnico-racial nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, no intuito de esclarecer a relação de causa e efeito entre a urbanização higienista à supressão do direito à cidade. A construção da história desta e de outras biografias negras individuais formam, juntas, um coletivo importante a ser estudado no campo da arquitetura brasileira, entendendo as desigualdades marcantes das cidades, usualmente não retratadas.