OCUPAÇÕES: A RESISTÊNCIA DA NEGRITUDE NOS CENTROS URBANOS
Palavras-chave:
Ocupações urbanas, planejamento urbano, moradia e segregação racial, propriedade e raça.Resumo
Objetiva-se com esse artigo discutir o lugar das ocupações urbanas como forma de resistência na luta pela moradia, frente a lógica de urbanização corrente que tende a periferizar a população mais pobre, sendo ela na sua maioria uma população negra. Reconhecendo que as ocupações urbanas representam simultaneamente a luta e a efetivação de direito, uma vez que possuem terrenos com alto valor de mercado, boa inserção urbana, acesso à infraestrutura e a serviços urbanos enquanto vivem de maneira não consentida, muitas vezes criminalizada. Sendo assim, esse artigo traz como estudos de caso as ocupações Mama África e Casarão Presidente Domiciano, ocupadas ,majoritariamente, pela população negra, ambas localizadas na cidade de Niterói/ RJ. A análise parte da experiência das autoras a partir da inserção das mesmas a projetos de extensão vinculados ao Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos (NEPHU-UFF). O artigo apresenta afirmação do direito e possibilidade de permanência dos moradores da ocupação Mama África na área atual, resistindo a ações de remoções forçadas, no processo de conquista ao acesso à moradia adequada e regularizada e no caso da ocupação Casarão Presidente Domiciano afirma o direito dos moradores de decidir seu próprio destino. O artigo introduz um breve contexto histórico sobre moradia e o lugar da população negra nesse espaço, demonstrando como as relações socioeconômicas influenciam o poder aquisitivo de cada indivíduo para conquistar a moradia, desenvolvendo a partir da análise dos casos contextualizando também a inserção das ocupações no município de Niterói/ RJ. Por fim, concluindo com o resumo das reflexões abordadas.