CIDADE-CORPO: OLHARES SOBRE AS PRÁTICAS AFROBRASILEIRAS NA CIDADE DE SALVADOR/BA
Palavras-chave:
Práticas cotidianas, trabalho de ganho, samba, lavadeirasResumo
A construção deste artigo é um processo de reflexões de três pesquisas individuais[1], duas de iniciação científica e uma de mestrado, que a partir da proximidade dos temas e grande relevância do mesmo, se conectam a partir de suas singularidades no contexto de questões que atravessam a presença dos negros na Salvador do século XIX e XX, através de práticas cotidianas e manifestações da negritude no espaço urbano. A proposta deste artigo está ancorada na interseccionalidade das práticas do samba(r) na cidade, do trabalho de rua através do ganho e do ofício das Lavadeiras[2]. Uma vez que esses fazeres que se davam nas ruas, becos, largos, espaços aquosos ou neste limiar[3], da rua e da casa. As mesmas são encaradas neste artigo pela chave da resistência, considerando as facetas do racismo: constantes perseguições, criminalizações, preconceitos, questões estas que tangencia(va)m os corpos negros que transita(va)m e ocupa(va)m as ruas da cidade de Salvador em busca de sobrevivência, liberdade e manifestações de suas culturas e crenças. Assim como, pelas ações que moviam os negros em articularem respostas a esses ataques - enquanto greves, revoltas e combates as estruturas representativas. O artigo propõe refletir e construir discursos da presença e contribuição dos negros na construção da cidade Salvador, seja ela física, material ou simbólica
[1] As pesquisas foram desenvolvidas dentro de um grupo coletivo de pesquisa - Urbanidades Liminares, coordenado pela professora Thaís Troncon Rosa, as pesquisas individuais alimentam a pesquisa coletiva, com a premissa de intercruzar questões comuns ao coletivo - como noções de limiar, margem e urbanidade.
[2] Considera-se também a proximidade entre ambas por encarar que seus praticantes transitavam dentro destas práticas, assim como transitavam pela capoeira, candomblé e outras práticas afro-brasileira.
[3] O limiar na perspectiva de contrapor com o conceito de fronteira, o limiar é uma zona que abarca possibilidades, trata-se aqui de limiar como lugar de transição, a transição entre o espaço da rua e da casa, a possibilidade do dentro e fora. (ROSA et al, 2017).