PM ASSACINA – O ERRO É CONTAGEM
Palavras-chave:
João Alberto Silveira Freitas, Rancière, PolíticaResumo
Neste artigo, orienta-se pelanoção de política de Jacques Rancièrepara pensar uma cena experenciada no protesto de 19 de novembro de 2020, um dia após a morte de João Alberto Silveira Freitas, ocorrida no supermercado Carrefour, em Porto Alegre, RS. O texto é uma reflexão sobre as práticas daqueles que não têm a propriedade da palavra, segundo uma “ordem policial” - pois estão separados num ordenamento social dos que têm direito. A partir das proposições de Rancière, correlaciona-se a cena a um ato de “política”, ou seja, aquele que desestabiliza o regime de distribuição social, e que se rompe na emergência do sujeito que produz a cena. Descreve-se que é ela quem transbordadessa separação, pelo excesso, e dispara um processo de subjetivaçãopela combinação de dois gestos de política: a visibilidade do dano (correção de desigualdades e assimetrias; redefinição do que pode ser visto, dito e pensado) e “desidentificação” (com as identidades sociais impostas na “partilha sensível”).