[PRÁTICAS CULTURAIS E SABERES TRADICIONAIS NEGROS EM AMERICANA-SP]
Palavras-chave:
bairros negros, espaço urbano, pós-abolição, cultura afro-brasileira, Americana-SPResumo
A presença da população negra no estado de São Paulo esteve vinculada ao período escravista e aos deslocamentos que ele impôs a estes sujeitos, principalmente por meio do tráfico interprovincial. No pós-abolição o cotidiano dos ex-escravos foi marcado por migrações constantes, motivadas por vários fatores, como a busca por melhores condições de vida. Tendo como foco de análise a cidade de Americana-SP, objetivamos identificar a presença negra no tecido urbano, a partir do mapeamento de suas casas e quintais, destacando as relações socioespaciais estabelecidas com a cidade, as práticas culturais e os saberes tradicionais por eles preservados. Em princípio, se faz importante um retrospecto de ponto de vista afrocentrado para entendimento de como se deram os intercâmbios culturais entre o continente africano e o Brasil colonial, objetivando compreender que tais populações trazidas para cá através, segundo Henrique Cunha, do escravismo criminoso são constituintes da formação cultural do país. Além disso, analisamos de forma sucinta todo o processo de urbanização brasileira que conserva as estruturas de poder da população branca herdadas do sistema escravista criminoso que desmantelou na configuração que vemos até hoje, com a maioria da população negra concentrada nas periferias da cidade. Assim, buscou-se mapear os bairros negros de Americana, e compreender a produção da cidade de ponto de vista racial, destacando as sociabilidades, práticas culturais e tradições que são desenvolvidas nesses espaços.