A DESCONSIDERAÇÃO DA QUESTÃO RACIAL NO URBANISMO PAULISTANO
Palavras-chave:
Racialização no urbanismo paulistano; negros em São Paulo; omissão da questão racialResumo
A consolidação do urbanismo em São Paulo como campo de conhecimento autônomo se deu entre 1930 e 1957, em função de uma crescente busca de independência em relação ao urbanismo sanitarista, dominado pela figura dos médicos, e em relação ao urbanismo de projetos e de obras, liderado pelos engenheiros. Podemos considerar como marcos históricos desse processo a elaboração do primeiro plano compreensivo de São Paulo, o Plano de Avenidas, de 1930, e a primeira proposta de zoneamento para toda a cidade, de1957. Entretanto, um aspecto fundamental dos problemas flagrados na cidade nesse período foi totalmente omitido na formulação da disciplina nascente: trata-se da questão racial. Nossa hipótese de pesquisa é de que a omissão da questão racial como premissa na formulação do urbanismo compreensivo e universalista contribuiu para reiterar a produção de uma cidade racialmente segregada e desigual, pois continuou promovendo um processo de expulsão dos negros das áreas com melhor disponibilidade de infraestruturas da cidade, iniciado com os projetos sanitaristas e de embelezamento das primeiras décadas do século XX