EXERCÍCIO DE PENSAR OS TERRITÓRIOS NEGROS A PARTIR DAS DINÂMICAS COMERCIAIS DAS MULHERES DO SÃO JOÃO DO CABRITO - PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES
Palavras-chave:
Trabalho; cidade; mulheres negras; religiosidade; subúrbio ferroviárioResumo
Na década de 1930, a antropóloga Ruth Landes iniciou suas pesquisas na cidade de Salvador da Bahia e voltou seus estudos para a contribuição da mulher negra na construção e manutenção do espaço estudado. A rua, o mercado e a cidade, enquanto espaços de protagonismo feminino, são bastante evidenciados por Ruth Landes em seus escritos sobre a presença das mulheres negras em Salvador da Bahia. No entanto, a predominância do trabalho feminino em ambientes de caráter predominantemente comerciais e/ou voltados a prestações de serviços não irá corresponder à realidade de todas as mulheres soteropolitanas, sobretudo se levarmos em conta outros locais ou recortes temporais. Sendo a cidade um organismo flexível e em constante mutação, reflexo das necessidades daqueles que a ocupa, ante dinâmicas políticas, econômicas e sociais que estruturam a sociedade, neste caso a sociedade brasileira, entende-se que formas de viver e elaborações de resistência diferem ou mudam mediante temporalidade e localidade. Nesse ensaio, inicia-se uma aproximação do universo cotidiano das mulheres que viveram os últimos 20 anos (1998-2018) no São João do Cabrito, localizado no bairro de Plataforma, como uma forma a pensar e selecionar as questões que mobilizaram as leituras de Landes na década de 30 e com elas dialogar no contexto de salvador a partir do recorte citado. Enquanto pesquisadora, estudante de Arquitetura e Urbanismo, moradora do São João do Cabrito, construí este ensaio metodologicamente apoiado em registros de minhas observações do lugar, atrelado ao material recolhido em entrevistas feitas com vizinhas, além da análise das tipologias das fachadas principais da casa dessas mulheres e de como se dá a relação delas com suas casas inseridas na dinâmica urbana local.