DE BRASÍLIA A ABUJA: A CONSTRUÇÃO EX-NIHILO DE UMA NOVA CAPITAL FEDERAL PARA A NIGÉRIA COMO SIMULACRO POSSÍVEL DE UNIDADE NACIONAL
Palavras-chave:
urbanismo africano, novas cidades, movimento moderno em arquitetura e urbanismo, urbanismo brasileiroResumo
Este artigo tem por objetivo rememorar os processos de construção da futura capital nigeriana, Abuja, a partir da sua relação com outra cidade construída ex nihilo, Brasília. Para tanto, primeiramente buscamos entender o contexto de inauguração da capital brasileira que acontecia no mesmo ano de independência da Nigéria e da sua libertação da condição de colônia britânica. Em seguida, em meio a rememorações dos recorrentes golpes de Estado na Nigéria, nos cercamos das primeiras de construção de uma nova cidade capital como tentativa de consolidar a cidade como um simulacro de unidade nacional mediante a instauração de um território neutro aos conflitos étnicos e religiosos que abalavam o país e que podem ser considerados resquícios do modelo de colonização britânico. A seguir, apresentamos um primeiro esboço de projeto não construído, datado de 1976, para a cidade com autoria de Lucio Costa, mesmo arquiteto-urbanista responsável pela concepção de Brasília. Ademais, nos aproximamos do Master Plan para o Território da Capital Federal (TCF) e para a Cidade Capital Federal (CCF) datado de 1979 e de autoria de vários arquitetos e escritórios de urbanismo de distintas nacionalidades. Escolhemos apresentar ainda, o projeto do arquiteto japonês Kenzo Tange para o complexo da Assembleia Nacional como um modo de explicitar os impasses, conflitos e limitações encontradas na construção de Abuja diante das instabilidades políticas na Nigéria. Por fim, ao aproximarmos as duas cidades capitais, tomamos alguns questionamentos a partir de seus projetos de cidade e nação pautados sobre a tabula rasa e o imaginário moderno como breves considerações finais.