AS SEDES DO BANDO DE TEATRO OLODUM: INSURGÊNCIAS EM ESPAÇOS TEATRAIS AFRO-BRASILEIROS NA CIDADE DE SALVADOR
Palavras-chave:
Teatro. Espaço teatral. Bando de Teatro Olodum. Cidade.Resumo
É possível pensar em determinadas sedes de grupos de teatro como espaços insurgentes nas cidades? A princípio seriam lugares que possam em alguma medida desestabilizar premissas apontadas por Joel Rufino dos Santos (2014) sobre o teatro como lugar de diversão de seletos, ao acolher espectadores e artistas de extratos sociais variados e oferecer alternativas visíveis, palpáveis, materiais, espaciais ao discurso único dominante que vigora nas cidades hoje extremamente espetacularizadas no sentido debordiano. Para estas reflexões toma-se as experiências do Bando de Teatro Olodum, proponente de um teatro negro na cena brasileira contemporânea, em suas sedes na cidade de Salvador. Seu percurso inicia-se em 1990 no Pelourinho-Maciel em uma sala da antiga Faculdade de Medicina da UFBA, localizada no Terreiro de Jesus, e tornam-se dramaturgia e cena propostas pelo grupo no próprio locus das tensões e conflitos iminentes, ao longo do processo de reforma do centro antigo com vistas a projetá-lo como centro turístico em escala internacional. A companhia teatral baiana permanece atuante e atenta às questões emergenciais da cidade por meio das práticas artísticas que ocorrem de 1994 até o momento no Teatro Vila Velha, localizado em área central. Juliet Rufford (2017) defende que tanto arquitetos quanto criadores de teatro podem vir a lançar espaços-tempo nos quais possamos ser cidadãos criativos e criticamente alertas