“A CIDADE VIRA UM MANTO VERMELHO”: RELAÇÃO ENTRE COTIDIANO E FESTA NO PELOURINHO, SALVADOR
Palavras-chave:
Pelourinho, Salvador, Festa de Santa Bárbara, patrimônio, espaçoResumo
A Festa de Santa Bárbara inaugura o calendário das chamadas Festas de Largo de Salvador, que acabam quando se dá o início do carnaval. Oficialmente, as festividades do dia 4 são organizadas pela Irmandade da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; porém, por meio da etnografia, é possível traçar uma complexa rede de pessoas que se unem, momentaneamente ou não, para fazer a festa. Observa-se um conjunto diferenciado de ações: a) ações individuais: promessas e/ou favores; b) ações institucionais: alianças institucionais, como por exemplo, com a Secretaria Estadual de Cultura e com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), na Bahia; c) ações coletivas: campanhas realizadas na Igreja. As comemorações ocorrem em diferentes espaços: ruas, casas, mercados e templos, onde circulam diversos objetos: santinhos, ervas, flores, comidas, bebidas; em suma, os caminhos que as pessoas e as coisas percorrem criam novos sentidos. Este trabalho objetiva promover uma reflexão em torno das discussões sobre as transformações sociais advindas dos novos usos das cidades contemporâneas. Esse é um campo em que os patrimônios materiais e imateriais dialogam e, consequentemente, se torna complexa a concepção de tempo e de espaço. Tanto o tempo e espaço do cotidiano como também o tempo extraordinário; ou seja, o da festa. O festejo em questão é registrado como Patrimônio Imaterial do Estado desde 2008 e o Centro Histórico foi tombado como Patrimônio Histórico brasileiro em 1984, reconhecido no ano seguinte pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural da Humanidade.