O Diabo está nos detalhes, ou talvez, em seu ventre.

Notas sobre gestação, abjeção e colapso simbólico em O Bebê de Rosemary

Autores

  • Jayder Roger UFBA

DOI:

https://doi.org/10.9771/rn.4.04.68573

Palavras-chave:

Bebê de Rosemary, Abjeção, Secularização, Unheimlich

Resumo

O Bebê de Rosemary (1968) explora como a gestação da protagonista se transforma em alegoria do mal-estar moderno e do colapso simbólico que atravessa a subjetividade na era da secularização. A partir de conceitos como abjeção (Julia Kristeva), incômodo (unheimlich, em Sigmund Freud) e Nome-do-Pai (Jacques Lacan), o ensaio investiga como o corpo grávido passa a encarnar o abjeto, como aquilo que, expulso pela cultura, retorna como ameaça. A gravidez, orquestrada por um culto satânico com a anuência do próprio marido, figura o sequestro do corpo feminino por uma instância patriarcal e demoníaca, ecoando, de forma perversa, o relato bíblico da Anunciação.

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Referências

FREUD, Sigmund. O incômodo. Tradução de Paulo Sérgio de Souza Jr. São Paulo: Blucher, 2021.

KANASIRO, André. How Rosemary’s Baby Helps Us Think About God and Society. Spectrum, Roseville, v. 53, n. 2, p. 19-25, maio 2025.

KRISTEVA, Julia. Powers of horror: an essay on abjection. Nova York: Columbia University Press, 1982.

LACAN, Jacques. A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud (1957). In Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1998.

LACAN, Jacques. Nomes-do-Pai. Tradução: André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

O Bebê de Rosemary. Direção: Roman Polanski. Produção: William Castle. Roteiro: Ira Levin. 1968. (137 min.)

Sociedade Bíblica do Brasil. Bíblia Sagrada: Nova Almeida Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

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Publicado

2025-11-28

Como Citar

Roger, J. (2025). O Diabo está nos detalhes, ou talvez, em seu ventre.: Notas sobre gestação, abjeção e colapso simbólico em O Bebê de Rosemary. Revista Nós, 4(04), 74–84. https://doi.org/10.9771/rn.4.04.68573