Amor, Não Monogamia e Angústia da falta
DOI:
https://doi.org/10.9771/rn.3.03.63418Palavras-chave:
Amor, Não monogamia, Angústia, Completude, FaltaResumo
O relacionamento romântico, historicamente valorizado, envolve uma busca por completude e idealização do outro. Há séculos, um filósofo antigo falou sobre o amor como a busca pela metade perdida. Muito tempo depois, um psicanalista francês o define como a sublimação do desejo. Mais recentemente, outros autores propõem pensá-lo como um acontecimento pela diferença. Em meio a essas reflexões, a não monogamia se estabelece como uma contra norma à monogamia compulsória e como uma oposição ao amor romântico. Afeto este que, marcado pela busca de completude, nos gera angústia diante da falta. Considerando-se que somos sujeitos viventes, em constante transformação, atravessados por tudo o que nos toca, propõe-se refletir, então, como lidar com esta falta que nos é constitutiva, fazendo do amor um meio e não um fim. Conclui-se que viver em busca de nos completar vai contra a natureza do vazio que nos move. Em última análise, o amor nos possibilita admitir a falta que constitui tanto a nós mesmos quanto o outro.
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