Sob o Império da Técnica: a Razão Instrumental e a Rejeição da Política na Formação do Banco Central do Brasil

Autores

Palavras-chave:

razão instrumental, banalidade do mal, Tecnocracia, Banco Central do Brasil

Resumo

A partir da crítica à racionalidade instrumental, baseada em Weber, Habermas e Arendt, busca-se analisar, por meio de entrevistas das lideranças envolvidas na criação do Banco Central do Brasil (BCB), a tensão entre política e técnica na sua formação como burocracia. A pesquisa, de história oral, foi feita com base em entrevistas realizadas pelo CPDOC/FGV, publicadas em 2019, em 25 volumes da “Coleção História Contada do Banco Central do Brasil”, com lideranças que participaram da criação do BCB. Identificou-se, por meio das entrevistas, um discurso de rejeição à política em geral e de aversão às políticas de esquerda em específico, além da sagração da técnica ensejando
uma visão tecnocrática do BCB, órgão que é tido como insulado burocraticamente, mas, no qual apenas uma técnica seria possível: a liberal-econômica de matriz neoclássica. Essas duas dimensões se combinam para estabelecer uma posição de sujeição da política à técnica em que até mesmo a democracia pode ser sacrificada para que se aproveitem oportunidades de implantação de uma determinada agenda técnico-econômica. Há indícios, portanto, de uma instrumentalidade da razão nas manifestações das lideranças do BCB, ao oporem técnica versus política, o que pode acarretar
um processo de banalização do mal tal qual criticado por Arendt, sobretudo, ao enxergar regimes de exceção no país como meras oportunidades de criação do BCB e de implantação de uma agenda liberal-econômica. Essa perspectiva transforma a técnica em um entrave político, inclusive, com a
rejeição ao maior produto de participação política democrática do país, a Constituição de 1988.

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Biografia do Autor

Ricardo Vinicius Cornélio dos Santos e Carvalho, Banco Central do Brasil

Doutorando e mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). especialista em Gestão Pública pela Fundação João Pinheiro/MG. Economista e Administrador. Analista do Banco Central do Brasil.

Ana Paula Paes de Paula, Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração - CEPEAD (FACE-UFMG)

Doutora em Ciências Sociais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP) com pós-doutorado em Administração pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV), Mestre em Administração Pública e Governo pela EAESP-FGV. Professora titular na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (FACE-CEPEAD-UFMG).

Publicado

2023-08-21

Como Citar

1.
Cornélio dos Santos e Carvalho RV, Paes de Paula AP. Sob o Império da Técnica: a Razão Instrumental e a Rejeição da Política na Formação do Banco Central do Brasil. Organ. Soc. [Internet]. 21º de agosto de 2023 [citado 20º de outubro de 2024];30(106). Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/50454

Edição

Seção

Artigos