Retorno ao Exterior Vale a Pena? A Questão dos Estágios Pós-Doutorais sob a Perspectiva da Produção em C&T: uma análise de caso na Universidade de São Paulo

Resumo

O presente artigo encontra-se circunscrito às áreas de Biológicas, Engenharias, Exatas e da Terra e Saúde e aborda a influência da realização do estágio pós-doutoral sobre a produção acadêmica de docentes atuantes na pós-graduação da Universidade de São Paulo. Observando o pós-doutorado como item extra (opcional) na carreira acadêmica, com a visão de que o docente universitário, mesmo altamente qualificado, com o nível de doutorado, precisaria estar atualizado e em contato com o mainstream da ciência, para propiciar melhorias de qualidade na pesquisa e contribuir para o avanço da ciência e tecnologia – C&T, o estudo busca a mensuração das variações da produtividade docente em relação à realização do Estágio Pós-Doutoral, em contraste com a realização/conclusão do Doutorado – no País ou no Exterior – e utiliza como fonte de dados o Sistema Lattes, em que a construção de um índice permitiu pesquisa objetiva sobre uma questão emblemática no contexto da realização dos estágios pós-doutorais: ocorrem diferenças, significativas, em termos de desempenho e produtividade, para pesquisadores com doutorados realizados no país, em relação aos participantes com doutorados plenos realizados no exterior? Contrariando expectativas de lugar comum, os resultados indicam que o índice de produtividade em pesquisa para os docentes com doutorado e pós-doutorado realizados, ambos, no exterior, ocorre praticamente nos mesmos patamares que a variação da produção apresentada para doutorados realizados no Brasil. Os bons índices alcançados pelos pesquisadores com doutorado realizado no exterior caminham na direção de apontar que o pós-doutorado no exterior continua válido; com indícios de que “vale a pena” o retorno do pesquisador ao exterior para aprofundar contato entre grupos, com a promoção de trabalhos em rede interorganizacional e desenvolvimento de projetos conjuntos.