Revista Completa
Abstract
Iniciamos o ano de 2017 com o número 80 da revista Organizações & Sociedade, no seu volume 24. Nesta primeira edição do ano, é nosso dever agradecer incansavelmente aos nossos 135 avaliadores de 2016. O corpo de avaliadores da O&S continua se ampliando. Recorremos, muitas vezes, a colegas pertencentes a outras áreas do conhecimento, como antropólogos, psicólogos e economistas, e encontramos novos parceiros que nos ajudam a conferir ainda mais qualidade aos pareceres e artigos publicados na revista. Como sabem, sem a tarefa gratuita dos avaliadores, seria impossível manter os prazos e a qualidade dos pareceres que tanto tem impressionado os autores que publicaram na O&S nesses últimos anos. Agradecemos também os feedbacks provenientes dos autores sobre nossos processos.
Aqui, uma breve retrospectiva me permite deixar registrado que, em abril de 2014, uma nova equipe assumiu a O&S, composta por mim, Ariádne Rigo, e pelos colegas Sandro Cabral e Antônio Sérgio Araújo Fernandes. Assumimos uma intensa carga de trabalho, permeada por desafios singulares. Assumimos, enfrentamos e alcançamos nossos objetivos, assegurando à O&S o patamar de qualidade alcançado pelas equipes editoriais anteriores e promovendo mudanças significativas nos processos de publicação e manutenção da revista. Tudo isso feito, a revista conta com a continuidade do meu trabalho na chefia da edição e com a secretaria atenta de Tamires Lordelo. É preciso dizer também que conto sempre com o apoio amigo dos ex-colegas da equipe editorial. Aproveito esta comunicação periódica, ainda, para anunciar a saída de um dos membros da nossa equipe editorial. O professor Sandro Cabral, a partir de 2017, estará integralmente focado nas suas responsabilidades no Insper e enfrentando novos desafios na sua carreira. Ao amigo Sandro, desejo sucesso, e também agradeço por todo seu empenho cotidiano nas atividades da O&S.
Embora muito tenha sido feito nesses três anos de intenso trabalho, novas mudanças são ainda necessárias e acontecerão ao longo de 2017, tais como a melhoria do site, reformulações na governança da revista e inserção em importantes bases de dados internacionais.
Como de costume, neste novo e primeiro número de 2017, a variedade de instituições de vínculo dos autores atesta nossa diversidade. Ficamos felizes com a presença de autores vinculados à PUC-Rio, Unigranrio, FGV/EAESP, FEA-RP, FGV/ EBAPE, UFLA, UFPE, Univasf, IFPB, UFPB, UFU, UnB e PUC Minas.
O primeiro artigo, intitulado “Representações da relação homem-carro: uma análise semiótica da propaganda brasileira de seguros de automóvel”, de autoria de Luís Alexandre Grubits de Paula Pessôa, Denise Franca Barros e Alessandra de Sá Mello da Costa, explora possibilidades de estudos em marketing vinculados à base teórica da semiótica. Nesse artigo, eles focam na perspectiva da Consumer Culture Theory (CCT) para analisar o contexto do discurso da publicidade de seguros de automóvel no Brasil, evidenciando a riqueza de significados que a publicidade transfere para o automóvel, para as marcas das seguradoras e, finalmente, para a relação entre o consumidor e o objeto carro. Como alude o título do artigo, as discussões dos autores apontam para um processo de humanização da máquina.
O segundo artigo, sob o instigante título “Organizações que matam: uma reflexão a respeito de crimes corporativos”, de autoria de Cintia Rodrigues de Oliveira Medeiros e Rafael Alcadipani da Silveira, se apoia na perspectiva pós-colonial para compreender a dinâmica dos crimes corporativos. Adotando uma abordagem qualitativa de pesquisa, os autores analisam um crime corporativo cometido por uma corporação transnacional no Brasil, que causou a morte de trabalhadores e moradores. Os autores desenvolvem, nesse artigo, os conceitos de necrocorporação e crimes corporativos contra a vida, apontando para a necessidade de mudança no modo de pensar quanto às relações entre governos, sociedade e corporações.
O terceiro texto deste número, de autoria de Lira Luz Benites Lázaro e Amaury Patrick Gremaud, intitulado “Contribuição para o desenvolvimento sustentável dos projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo na América Latina”, avalia as contribuições de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) com a promoção do desenvolvimento sustentável. O texto foca sua análise em três países latino-americanos: Brasil, México e Peru. Analisando o conteúdo de 461 projetos registrados no primeiro período do Protocolo de Kyoto, os autores concluem que existe contradição entre o desejo dos governos por atrair investimentos por meio do MDL e objetivos mais amplos de desenvolvimento sustentável.
Hélio Arthur Reis Irigaray, Sylvia Constant Vergara e Rafaela Garcia Araújo analisam, no quarto artigo desta edição, o entendimento acerca da responsabilidade social corporativa na perspectiva das empresas listadas na bolsa de valores brasileira. Foram coletadas informações em diversas e diversificadas fontes de documentos, e sua análise mostra que a percepção das empresas sobre o mesmo conceito e prática são diferentes, se confundindo com filantropia, multas e investimentos. O título do artigo é “Responsabilidade social corporativa: o que revelam os relatórios sociais das empresas”.
O quinto artigo desta edição é intitulado “Bases sociotécnicas de uma tecnologia social: o transladar da pedagogia da alternância em Rondônia”. Os autores, José de Arimatéia Dias Valadão, José Raimundo Cordeiro Neto e Jackeline Amantino de Andrade, apresentam o resultado de uma pesquisa empírica sobre a Pedagogia da Alternância (PA), a qual tem auxiliado na oferta de educação do campo em regiões distantes dos grandes centros urbanos do país. O artigo discute o caso prático da PA no estado de Rondônia e sua associação com dinâmicas de envolvimento e participação dos diversos atores envolvidos. O texto indica que o Governo do estado, ator que se propõe, inicialmente, como protagonista na expansão e ordenamento da PA, não obtém êxito em definir os caminhos desse processo. De modo geral, o transladar da PA constituiu um processo muito específico em cada região participante, contrariando pretensões governamentais de padronização.
“A implementação de políticas públicas voltadas a atividades artesanais: análise do programa de artesanato da Paraíba” é o sexto artigo desta edição. Os autores João Moraes Sobrinho e Diogo Henrique Helal analisam a implementação de políticas públicas do programa de artesanato paraibano, utilizando-se de dois modelos teóricos de implementação, que foram adaptados e aglutinados, dando origem a um novo modelo que pudesse abarcar toda a dinâmica do processo. Os resultados apontam que a dinâmica de implementação do programa sofre influência de elementos do contexto político-institucional, em que transições entre governos geram restrições de recursos, descontinuidades e insegurança aos atores envolvidos.
O sétimo e penúltimo artigo deste número é de Victor Manuel Barbosa Vicente, Paulo Carlos Du Pin Calmon e Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo, e intitula-se “Analisando mudanças institucionais na política de ordenamento territorial urbano do Distrito Federal à luz do modelo das coalizões de defesa”. Nesse artigo, os autores apresentam e discutem o processo de mudança institucional no âmbito da política de ordenamento territorial urbano do Distrito Federal, entre 1991 e 2009, à luz do Advocacy Coalition Framework (Modelo das Coalizões de Defesa – MCD). Eles identificam cinco coalizões de defesa atuando nas arenas decisórias sobre essa temática: modernistas, desenvolvimentistas, coalizão pró-moradia popular, ambientalistas e patrimonialistas. Verifica-se que as mudanças institucionais nas últimas duas décadas foram realizadas pelo poder público sob a forte pressão de coalizões historicamente hegemônicas.
O último artigo da edição de número 80 intitula-se “Em busca de uma articulação entre técnicas projetivas, análise do discurso e os estudos do consumo”, dos autores Marcelo de Rezende Pinto e Rodrigo Cassimiro de Freitas. Nesse texto, os autores assumem o consumo como fenômeno complexo e se propõem a discutir o potencial de articulação da utilização de uma modalidade de técnica projetiva com a análise de discurso, em um estudo envolvendo o consumo. Por meio da revisão da literatura e de uma pesquisa empírica, concluem sobre a pertinência da pesquisa empreendida.
Desejamos a todos uma excelente leitura e um 2017 repleto de realizações e de muito trabalho!
Ariádne Scalfoni Rigo Editora
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