“DE VERMELHO E NEGRO, VESTINDO À NOITE, O MISTÉRIO TRAZ”:

ENCRUZILHADAS DE GÊNERO E O ENTRE-LUGAR DE EXUS E POMBOGIRAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.v11i2.50231

Palavras-chave:

Exus, Pombogiras, Umbanda, Psicologia, (Não)Binário

Resumo

Este artigo foi gestado a partir de uma pesquisa em Psicologia e teve por objetivo analisar os vínculos entre Exus e Pombogiras com as relações de gênero em um terreiro umbandista. A análise foi inspirada na etnografia e no Construcionismo Social gerando a compreensão de que essas Entidades exerceram papeis controversos de manutenção e dissidência da lógica binária de gênero, pois Pombogiras protagonizaram vários momentos e expressaram suas identidades de modo intenso falando abertamente sobre sexualidades, divórcio e autocuidado das mulheres. Exus, por sua vez, não disputaram por espaços de fala e costumavam alternar protagonismo com momentos de quietude. Contudo os interesses das pessoas consulentes repetiam a cisheteronorma indicando que as Entidades ocupam um entre-lugar de (não)ser padrão binário.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vincent Abiorana, Universidade Federal de Rondônia

Trans não-binárie que usa os pronomes neutros elu/ile, Vincent atua com ênfase em três lugares: 1) na Clínica Social on-line Transversus acolhendo pessoas LGBTQIAP+, principalmente, trans e travestis; 2) no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos como psicólogue social; 3) em qualquer espaço possível como Artivista e Poeta de Luta. Ainda atua, estuda e se inspira na Gestalt-terapia e em Psicologia Social Comunitária. Nas (r)existências acadêmicas, Vincent é mestre e graduado em Psicologia pela Universidade Federal de Rondônia onde participou de pesquisa, extensão e ensino nas temáticas que são sua paixão: gênero, sexualidades e diversidade no encontro com trabalho, negritudes, ruralidades e feminismo.

Juliana da Silva Nóbrega, Universidade Federal de Rondônia

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2002), mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2006) e doutorado em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (2013). Docente no Departamento e Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Atua em Psicologia Social, com ênfase nos seguintes temas: autogestão, economia solidária, ruralidades, educação e trabalho. Membro do Grupo Amazônico de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Educação (GAEPPE). Vice-coordenadora da Incubadora de Cooperativas Populares (INCOOP-UNIR).

Referências

ALVARENGA, L. F. C. As ressignificações de Exu dentro da Umbanda. 2006. 96 p. Dissertação (mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Católica de Goiás, Goiás, 2006. Disponível em: <http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/bitstream/tede/939/1/LENNY%20FRANCIS%20CAMPOS%20DE%20ALVARENGA.pdf> Acesso em: 20 out. 2020.

ANDRADA, C. F. O método no centro: relatos de campo de uma pesquisa psicossocial de perspectiva etnográfica. Psicologia USP, v. 29, n. 2, p. 236-245, 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pusp/v29n2/1678-5177-pusp-29-02-236.pdf> Acesso em: 15 out. 2019.

BEAUD, S.; WEBER, F. Guia para a pesquisa de campo: produzir e analisar os dados etnográficos. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.

CARDOSO, Á. COIMBRA, C. Banzeirar: fazendo ribeirinhar certas práticas ditas de cuidado. Fractal: Revista de Psicologia, v. 31, n. esp., p. 185-194, 2019. Disponível: <http://www.scielo.br/pdf/fractal/v31nspe/1984-0292-fractal-31-esp-185.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2020.

GONCALVES, B. S. A Dupla Consciência Latino-Americana: contribuições

para uma psicologia descolonizada. Rev. psicol. polít. [online]. v. 16, n.37, p. 397-413,

Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v16n37/v16n37a11.pdf >

Acesso em: 04 fev. 2019.

GONÇALVES, B. S. Nos caminhos da dupla consciência: América Latina, psicologia e descolonização. Ilustrações: Beatriz Carvalho. São Paulo, SP: Ed. do Autor. 2019.

HARAWAY, D. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, v. 5, p. 7-41, 1995. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773/1828>. Acesso em: 07 mar. 2020.

HIRATA, H. GUIMARÃES, N. A. (Orgs.). Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: ATLAS, 2012.

IÑIGUEZ, L. Manual de análise do discurso em Ciências Sociais. Tradução de Vera Lúcia Joscelyne. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

JUNQUEIRA, R. D. A pedagogia do armário: heterossexismo e vigilância de gênero no cotidiano escolar brasileiro. Revista Educação On-line PUC-Rio. n. 10, p. 64-83, 2012. Disponível em:

<https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/131962/Pedagogia-do-armario-Richard-Miskolci-e-Larissa-Pel%C3%BAcio-Orgs.-Discursos-Fora-da-Ordem-Sexualidades-Saberes-e-Direitos.pdf?sequence=1&isAllowed=y> Acesso em: 10 jul. 2017.

MENEZES, N. Arreda homem que aí vem mulher: representações da Pombagira. São Paulo: Fortune, 2009.

MINAYO, M. C. de S.; GUERRIERO, I. C. Z. Reflexividade como éthos da pesquisa qualitativa. Ciênc. saúde coletiva. v. 19, n. 4, p. 1103-1112, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232014000401103&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 25 ago. 2018.

SARACENI, R. Fundamentos doutrinários de Umbanda. São Paulo: Madras, 2018.

SATO, L. SOUZA, M. P. R. Contribuindo para desvelar a complexidade do cotidiano através da pesquisa etnográfica em psicologia. Psicologia USP, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 29-47, 2001. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/63371/66114>. Acesso em: 15 mar. 2020.

SPINK, M. J. (Org.). Práticas discursivas e produção de sentido no cotidiano. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2013.

SPINK, P. K. Pesquisa de campo em psicologia social: uma perspectiva pós-construcionista. Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 15, n. 2, p. 18-42, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822003000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 out. 2018.

SPINK, P. K. O pesquisador conversador no cotidiano. Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 20, n. esp., p. 70-77, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822008000400010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 nov. 2010.

Downloads

Publicado

2024-01-23

Como Citar

ABIORANA, V. .; DA SILVA NÓBREGA, J. . “DE VERMELHO E NEGRO, VESTINDO À NOITE, O MISTÉRIO TRAZ”:: ENCRUZILHADAS DE GÊNERO E O ENTRE-LUGAR DE EXUS E POMBOGIRAS. Revista Feminismos, [S. l.], v. 11, n. 2, 2024. DOI: 10.9771/rf.v11i2.50231. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/50231. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos