Pandemia da Covid 19: Maternidade, aborto, embriões e a imoralidade do sacrifício da mãe dentro e fora da reprodução assistida.

Authors

  • Marlene Tamanini UFPR

Abstract

Mostra-se como os argumentos a respeito da imoralidade do aborto se modificam se o embrião se encontra no útero ou em outros ambientes, como dos laboratórios nas clínicas de reprodução assistida. Nolaboratório, o embrião se insere nadinâmicadeumviraser, que é protegido em função da escolha por maternidade, portanto, baseiam-se as ações, no reconhecimento de um projeto e ou da destinação dos embriões para pesquisa. A decisão atende a critérios considerados éticos nos dois casos.  Quando no útero de uma mulher como resultado de estupro, de violência, aumentadas durante a pandemia, ou em casos de anencefalia a moralidade da maternidade atua com a obrigatoriedade de ser mãe e de seguir com o concepto, sozinha  e  incriminada  se quiser interromper  a  gestação.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Marlene Tamanini, UFPR

Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.  Pós doutorado na Universidade de Barcelona ES,   com  bolsa Capes. Pesquisadora, professora e coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero da UFPR/PR.  Ministra disciplinas na área de sociologia, epistemologia e metodologia da pesquisa. Pesquisa e ministra disciplinas com ênfase em gênero, família, cuidado, trabalho, sexualidade e corpo. É autora de livros no campo a   Reprodução Assistida.  Tem  inúmeros  artigos  e capítulos  de  livros  no campo  da reprodução  humana assistida, maternidades, cuidado,   na área  de  gênero  e  trabalho,   de  violência doméstica, direitos  sexuais  e  reprodutivos com transversalidades  em  bioética,  tecnologias e interdisciplinaridade.  

References

ALLEBRANDT Débora. Negociando o Destino dos Embriões Humanos Produzidos na Reprodução Assistida: Criopreservação, descarte, doação e seus agenciamentos em uma clínica de Porto Alegre. INTERSEÇÕES. 2018; 20, (1):114-140.

BIROLI, Flávia. Gênero e Desigualdades: limites da democracia no Brasil.São Paulo: Editora Boitempo, 2018.

CORREA, Sonia; PETCHESKY, Rosalind, Pollack. Direitos sexuais e reprodutivos: Uma perspectiva feminista. In: PHYSYS, Revista de saúde coletiva, Rio de Janeiro, IMS/UERJ?CEPES?EDUERJ, v.6, n.1/2,p.147-177, 1996.

DINIZ, Débora; MEDEIROS, Marcelo. Aborto no Brasil: uma pesquisa domiciliar com técnica de urna. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 15, supl. 1, p. 959-966, jun. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v15s1/002.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2020.

FRASER, Nancy; SOUSA FILHO, José Ivan Rodrigues de. Contradições entre capital e

cuidado. Princípios: Revista de Filosofia (UFRN), v. 27, n. 53, p. 261-288, 2 jul. 2020.

FOUCAULT, Michel. Scientia sexualis; O Dispositivo da sexualidade. In: História da sexualidade: vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, v. 1. 1993. p. 51-123.

GONZAGA, Paula Rita Bacellar. Sobre úteros que sangram e mulheres inteiras: uma aposta que a Psicologia pode - e deve - ser feminista, antirracista e decolonial. In: GONZAGA, Paula Rita Bacellar; MAYORGA, Claudia (ORGA). Práticas acadêmicas e políticas sobre o aborto. Belo Horizonte, MG: CRP04, 2019. p.190 – 204.

LIMA, Carolina Alves de Souza. Aborto e anencefalia: direitos fundamentais em colisão. Curitiba: Juruá, 2011.

LOWY, Ilana; GARDEY, Delphine. L’Invention de Naturel. Paris: Editions des archives contemporaines, 2000.

LUNA, Naara. Embriões no Supremo: ética, religião e ciência no tribunal. Revista Teoria e Sociedade. N° 18.2. p. 168 – 203. Jul/dez 2010.

MACHADO, Lia Zanotta. Entre o estado Laico e o estado moral: as disputas políticas em torno da legalização do aborto. In IX REUNIÃO DE ANTROPOLOGIA DO MERCOSUL – CULTURAS, ENCONTROS E DESIGUALDES, N. 9, 2011. Anais.... Curitiba: UFPR, 2011.

MACHIN Rosana. Tecnologias reprodutivas e material genético de terceiros: reflexões em torno de regulação, mercado e iniquidade. In: STRAW Cecilia, VARGAS Eliane, CHERRO Marina Viera, TAMANINI Marlene. (orgas). Reprodução assistida e relações de gênero na América Latina. Curitiba: CRV; 2016. p. 31-54.

NUNES, Maria José F. Rosado. O aborto sob o olhar da religião: um objeto à procura de autor@s. Revista Estudos Sociológicos: Araraquara, v. 17, n. 32, p. 21-43, 2012.

RUBIN, Galin. El tráfigo de mujeres: notas sobre la “economía política” del sexo. In: NAVARRO, Marysa; STIMPSON, Catharine R. (Compiladoras). Qué son los estudios de mujeres? México/Argentina/Brasil/Colombia/Chile/Espana/EUA/Peru/Ve-nezuela: Fondo de Cultura Economica, 1998. p. 15-74.

ROSTAGNOL, Susana. As vicissitudes da lei de interrupção voluntária da gravidez no Uruguai: estratégias conservadoras para evitar o exercício do direito de decidir das mulheres. In: BIROLI, F.; MIGUEL, L. F. (Orgs.). Aborto e democracia. São Paulo: Alameda, 2016.

PAPERMAN, Patricia. Cuidado y sentimentos. 1ª. ed., Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Fundación Medifé Edita, 2019.

PORTO, Rozeli Maria. Entre “segredos revelados” e “camuflados”: o impacto das tecnologias de imagem sobre casos de malformações fetais. In: IX REUNIÃO DE ANTROPOLOGIA DO MERCOSUL – CULTURAS, ENCONTROS E DESIGUALDADES, N. 9, 2011. Anais... Curitiba: UFPR, 2011.

_______ “Aborto legal” e o “cultivo ao segredo”: dramas, práticas e representações de profissionais de saúde, feministas e agentes sociais, no Brasil e em Portugal. 268 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.

TAIN, Laurence. Um filho quando eu quiser?: o caso da França contemporânea. Estudos Feministas. Vol.13 (1), nº 216, p.53-67, Florianópolis: UFSC, 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ref/v13n1/a04v13n1>. Acesso em: 11 jan.2017.

TALIB, Rosangela Aparecida, CITELI, Maria Teresa. Dossiê: serviços de aborto legal em hospitais públicos brasileiros (1982-2004). São Paulo: Católicas pelo Direito de Decidir, 2005.

TRINDADE, Zeidi; COUTINHO, Sabrine; CORTEZ Mirian . Ainda é proibido não ser mãe? A não maternidade tratada nas publicações científicas da Psicologia. In: Aborto e (Não) Desejo de Maternidade(s): questões para a Psicologia/ ZANELLO, Valeska; PORTO, Madge. Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2016, 178 p.

TORNSQUIST, Carmen Susana et al. Orgs. Dossiê Aborto. Revista de Estudos Feministas. CFH/ CCE/ UFSC.Volume 16 nº2/2008, p. 631-689.

TAMANINI, Marlene. Novas Tecnologias Reprodutivas Conceptivas: o paradoxo da vida e da morte. Revista Tecnologia e Sociedade, Curitiba: UTFPR, n. 3, p. 211-249, 2º. Semestre 2006.

______.Maternidades são políticas: da fecundidade, dos especialistas, das mulheres, dos laboratórios, das tecnologias e Muito Mais. In: Políticas de Gênero na América Latina: Aproximações, Diálogos e Desafios. MARTINS Ana Paula Vosne; ARIAS GUEVARA, Maria de Los Angeles (Orgas). São Paulo: Paco Editorial, 2016. p. 171 -196.

WALSH, Catherine. (Des) Existir: Mi segunda carta a Aníbal Quijano. In: DESCOLONIALIDAD Y AUTOGOBIERNO. Perú. Revista digital de la Red de Descolonialidad y Autogobierno Social, n°3, p. 26-31, Octubre 2020.

Published

2021-05-09

How to Cite

TAMANINI, M. Pandemia da Covid 19: Maternidade, aborto, embriões e a imoralidade do sacrifício da mãe dentro e fora da reprodução assistida. Revista Feminismos, [S. l.], v. 9, n. 1, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/42843. Acesso em: 19 dec. 2024.

Issue

Section

Dossiê JUSTIÇA REPRODUTIVA: MATERNIDADES E VIOLÊNCIAS