(RES)SIGNIFICANDO O PARTO: UM PROCESSO PERMEADO PELO CONHECIMENTO, REFLEXÕES, INTENSIDADES E EMPODERAMENTO FEMININO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.v12i1.59942

Palavras-chave:

parto; parto humanizado; feminismo

Resumo

O artigo tem como objetivo compreender o (res)significado do parto na voz de mulheres que passaram por essa experiência. As percepções e reflexões apresentadas são provenientes de uma pesquisa qualitativa, captadas por meio de entrevistas diretivas abertas com 10 puérperas que vivenciaram o parto e o nascimento em instituições hospitalares em uma cidade do Norte de Minas Gerais/Brasil. Revelou-se que as mulheres ressignificaram o seu parto como um processo natural do feminino, seu encontro com a mulher que há em si. Tornou-se possível vislumbrar um novo horizonte, ou seja, toda a assistência seria ancorada nas necessidades concretas de cada mulher, expressas em seus corpos que podem orientar o cuidado e a ação diante das possíveis intercorrências. Nesse contexto uma obstetrícia a favor das mulheres, se consolidaria na relação entre elas e os profissionais qualificados. 

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Biografia do Autor

Clara Versiani, Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora de Ensino Superior da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)-MG. Enfermeira
obstetra do Hospital Universitário Clemente Farias de Montes Claros (HUCF/Unimontes)- MG. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)-SP. Doutora em
Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS/Unimontes)-MG. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem Obstétrica. Integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas Qualitativas Interdisciplinares em Saúde (LabQuali) do PPGCS/Unimontes-MG.

Ana Paula Rocha, Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação Cuidado Primário em Saúde – (PPGCPS) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Especialista em Saúde da Família e Enfermagem Obstétrica pelo Programa de Residência Multiprofissional e em área Profissional da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) - MG. Enfermeira no Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF/Unimontes)- MG.

Cristina Sampaio, Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros, mestrado em Epidemiologia e doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)-SP. Líder do grupo de pesquisas do CNPq Saúde Mental, álcool, crack e outras drogas. Coordenadora o Laboratório de Pesquisas Qualitativas Interdisciplinares em Saúde (LabQuali/Unimontes)-MG. É atual coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS/Unimontes)-MG (2022-2024).

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Publicado

2024-11-28

Como Citar

VERSIANI, C. de C.; ROCHA, A. P.; ANDRADE SAMPAIO, C. (RES)SIGNIFICANDO O PARTO: UM PROCESSO PERMEADO PELO CONHECIMENTO, REFLEXÕES, INTENSIDADES E EMPODERAMENTO FEMININO. Revista Feminismos, [S. l.], v. 12, n. 1, 2024. DOI: 10.9771/rf.v12i1.59942. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/59942. Acesso em: 24 maio. 2025.

Edição

Seção

Dossiê JUSTIÇA REPRODUTIVA: MATERNIDADES E VIOLÊNCIAS