Pandemia da Covid 19: Maternidade, aborto, embriões e a imoralidade do sacrifício da mãe dentro e fora da reprodução assistida.

Autores

  • Marlene Tamanini UFPR

Resumo

Mostra-se como os argumentos a respeito da imoralidade do aborto se modificam se o embrião se encontra no útero ou em outros ambientes, como dos laboratórios nas clínicas de reprodução assistida. Nolaboratório, o embrião se insere nadinâmicadeumviraser, que é protegido em função da escolha por maternidade, portanto, baseiam-se as ações, no reconhecimento de um projeto e ou da destinação dos embriões para pesquisa. A decisão atende a critérios considerados éticos nos dois casos.  Quando no útero de uma mulher como resultado de estupro, de violência, aumentadas durante a pandemia, ou em casos de anencefalia a moralidade da maternidade atua com a obrigatoriedade de ser mãe e de seguir com o concepto, sozinha  e  incriminada  se quiser interromper  a  gestação.

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Biografia do Autor

Marlene Tamanini, UFPR

Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.  Pós doutorado na Universidade de Barcelona ES,   com  bolsa Capes. Pesquisadora, professora e coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero da UFPR/PR.  Ministra disciplinas na área de sociologia, epistemologia e metodologia da pesquisa. Pesquisa e ministra disciplinas com ênfase em gênero, família, cuidado, trabalho, sexualidade e corpo. É autora de livros no campo a   Reprodução Assistida.  Tem  inúmeros  artigos  e capítulos  de  livros  no campo  da reprodução  humana assistida, maternidades, cuidado,   na área  de  gênero  e  trabalho,   de  violência doméstica, direitos  sexuais  e  reprodutivos com transversalidades  em  bioética,  tecnologias e interdisciplinaridade.  

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Publicado

2021-05-09

Como Citar

TAMANINI, M. Pandemia da Covid 19: Maternidade, aborto, embriões e a imoralidade do sacrifício da mãe dentro e fora da reprodução assistida. Revista Feminismos, [S. l.], v. 9, n. 1, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/42843. Acesso em: 18 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Justiça Reprodutiva