MORTE DE MULHERES NO CEARÁ SOB A PERSPECTIVA DE MILITANTES FEMINISTAS
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.v11i2.57415Palavras-chave:
feministas, movimentos sociais, morte de mulheres, violência, feminicídioResumo
Este artigo visa realizar uma discussão psicossocial sobre o aumento da morte de mulheres nas dinâmicas de conflitualidades urbanas no Ceará, tomando como base o ponto de vista de ativistas feministas de diferentes movimentos sociais que pautam esta problemática. Teoricamente, aliança-se a autoras feministas e interseccionais. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa-inter(in)venção que se operacionalizou por entrevistas semi-estruturadas com seis mulheres militantes de movimentos sociais do Ceará. Dentre os resultados, destaca-se que o aumento da morte de mulheres sofre influência não só da reformulação das dinâmicas criminais, mas também do recrudescimento de discursos neoconservadores, que, junto a aspectos históricos e estruturais coloniais, autorizam a atuação de tecnologias mortíferas genderizadas. Conclui-se que é crucial considerar as intersecções de gênero com outras estruturas de poder ao formular políticas públicas e denunciar a negligência estatal.
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