RELIGIOUS FUNDAMENTALISM AND INSTITUTIONAL VIOLENCE AGAINST RAPE VICTIMS IN BOLSONARO’S BRAZIL
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.v11i1.54115Palavras-chave:
Sexual Violence, Religious Fundamentalism, Institutional Violence, Bolsonaro’s GovernmentResumo
A violência sexual contra mulheres e meninas, já endêmica em circunstâncias por assim dizer “normais”, aumentou significativamente no Brasil durante a pandemia de Covid 19, sem uma resposta adequada do Governo Federal. Em agosto de 2020, uma menina de 10 anos obteve autorização para realizar o aborto legal em estado diverso do da sua residência, porém, a pastora evangélica Damares Alves, Ministra do MMFDH e líder do movimento 'Brasil Sem Aborto' por muitos anos, repassou informações pessoais sobre a menina e a clínica que a atenderia a seguidores religiosos, que as divulgaram nas redes sociais. Quando a menina chegou à clínica, foi recebida por um grupo (incluindo membros eleitos da Câmara Municipal local) que chamaram de 'assassinos' a ela e ao médico assistente e, em seguida, invadiram a clínica na tentativa de impedir a intervenção. Esse foi um dos muitos casos em que a moral religiosa fundamentalista esteve em jogo contra o exercício dos direitos reprodutivos das mulheres. Neste artigo, propomos discutir essas questões, focando em como os ideais religiosos fundamentalistas que norteiam as (des)políticas sociais no Brasil de Bolsonaro se traduziram em violência institucional contra mulheres e meninas, particularmente vítimas de violência sexual.
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