GÊNERO COMO QUESTÃO DE ANÁLISE: UMA RÉPLICA
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.v11i1.53268Palavras-chave:
Joan Scott; gênero; raçaResumo
O objetivo do presente artigo é interpelar a interpretação da socióloga Berenice Bento em Gênero: uma categoria útil de análise? (2022) sobre o conceito de gênero em Joan Scott (1986). O intuito é problematizar equívocos e inconsistências interpretativas e aprofundar o conhecimento das propostas da historiadora estadunidense, para quem gênero nunca foi sinônimo de diferença sexual, ao contrário do que afirma Bento. Adicionalmente, refletimos sobre o debate entre raça e gênero no contexto da escravidão atlântica, situando alguns contrapontos teóricos sobre o estatuto social da mulher negra escravizada, sobretudo a partir de bell hooks (1982) e Angela Davis (2016) que atestam a imposição da categoria “mulher” às pessoas traficadas da África.
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