“EPISTEMOLOGIAS DA IGNORÂNCIA” E AS PERFORMANCES TEÓRICAS DE BRANQUEAMENTO DA INTERSECCIONALIDADE

o debate entre Sirma Bilge e Nina Lykke

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.v10i2%20e%203.49201

Palavras-chave:

Interseccionalidade, Performances Teóricas, Feminismo Disciplinar, Sirma Bilge, Nina Lykke

Resumo

Apresento, neste texto, o debate ainda pouco conhecido no Brasil entre a socióloga turca Sirma Bilge e a crítica dinamarquesa Nina Lykke sobre os usos da interseccionalidade — como conceito e sensibilidade analítica. O embate teve início em 2013, quando Sirma Bilge publicou sua crítica às “feministas disciplinares” (brancas europeias) que, como Nina Lykke, contribuíam para despolitizar a interseccionalidade retirando dela sua categoria fundante: a raça. Sirma Bilge questiona a elaboração de uma “genealogia da interseccionalidade” que se prestou a neutralizar seu potencial crítico e sua orientação para a justiça social. Quase sete anos depois, em 2020, Nina Lykke apresentou sua réplica, assumindo a responsabilidade por seus equívocos analíticos, mas argumentando, ao final, que isso não poderia implicar a invalidação da importância das feministas socialistas na teorização dos imaginários de protesto. Considerando as construções epistemológicas como performances teóricas, o presente estudo se desenvolve no campo dos Estudos Feministas, em sintonia com o das Performances Culturais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carolina Brandão Piva

Pós-doutora em Performances Culturais na Universidade Federal de Goiás (UFG). Doutora em Arte e Cultura Visual pela mesma instituição. Membra do International Academic Forum (IAFOR) e da International Association for Media and Communication Research (IAMCR). Servidora pública federal no TRT de Goiás. Tradutora, editora, designer e poeta multimídia. Lattes: http://lattes.cnpq.br/8993919896971868.

Referências

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. Coleção Feminismos Plurais. São Paulo: Pólen, 2019.

BENTO, Cida. O pacto da branquitude. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BILGE, Sirma. Intersectionality Undone: Saving Intersectionality from Feminist Intersectionality Studies. Du Bois Review: Social Science Research on Race, v. 10, n. 2, 2013.

________. Le blanchiment de l’intersectionnalité. Recherches Féministes, v. 28, n. 2, 2015.

CARBY, Hazel. White Woman Listen! Black Feminism and the Boundaries of Sisterhood. In: MIRZA, Heidi Safia (Ed.). Black British Feminism. London: Hutchinson, 1997 [1982].

CARNEIRO, Sueli. A construção do Outro como Não-ser como fundamento do Ser. 2005. 339 f. Tese (Doutorado em Filosofia da Educação) — Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. Trad. Rane Souza. São Paulo: Boitempo, 2021.

CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics. University of Chicago Legal Forum, issue 1, 1989. Disponível em: <https://chicagounbound.uchicago.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1052&context=uclf>. Acesso em: 25.04.2022.

CURIEL, Ochy. Um diálogo decolonial na colonial cidade de Cachoeira/BA. Cadernos de Gênero e Diversidade, v. 3, n. 4, 2017. Disponível em: <https://periodicos.ufba.br/index.php/cadgendiv/article/download/24674/15431>. Acesso em: 25.04.2022.

LYKKE, Nina. Feminist Studies: A Guide to Intersectional Theory, Methodology and Writing. New York; Routledge / London: Taylor & Francis Group, 2010.

________. Intersectional Analysis: Black Box or Useful Critical Feminist Thinking Technology? 1st ed. In: LUTZ, Helma et. Al (Eds.). Framing Intersectionality: Debates on a Multi-Faceted Concept in Gender Studies. Farnham, Surrey: Ashgate; 2011.

________. Transversal Dialogues on Intersectionality, Socialist Feminism and Epistemologies of Ignorance. NORA — Nordic Journal of Feminist and Gender Research, v. 28, n. 3, 2020.

TAYLOR, Diana. O arquivo e o repertório: performance e memória cultural nas Américas. Trad. Eliana Lourenço de Lima Reis. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.

VERGÈS, Françoise. Um feminismo decolonial. Trad. Jamille Pinheiro Dias e Raquel Camargo. São Paulo: Ubu Editora, 2020.

Downloads

Publicado

2022-11-04

Como Citar

PIVA, C. B. “EPISTEMOLOGIAS DA IGNORÂNCIA” E AS PERFORMANCES TEÓRICAS DE BRANQUEAMENTO DA INTERSECCIONALIDADE: o debate entre Sirma Bilge e Nina Lykke. Revista Feminismos, [S. l.], v. 10, n. 2 e 3, 2022. DOI: 10.9771/rf.v10i2 e 3.49201. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/49201. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos