Tecnologias de Gênero e Dispositivo Amoroso nos filmes de animação da Disney

Autores

  • Clara Monteiro Universidade de Brasília
  • Valeska Zanello Universidade de Brasília

Resumo

Recursos midiáticos representam uma tecnologia de gênero poderosana sociedade ocidental atual, expondo constantemente representações sociais diferenciadas para homens e mulheres. Tendo em vista que os desenhos de animação veiculados para crianças estabelecem um dos primeiros contatos com estes recursos, o presente estudo pretendeu identificar os estereótipos e valores de gênero que atravessam quatro filmes de animação de Walt Disney: “Cinderela”, “A Bela e a Fera”, “A Pequena Sereia” e “Mulan”.Foram analisadas tanto as cenas como as músicas presentes nestes desenhos. A análise aponta para a representação, reafirmação e (re)construção do dispositivo amoroso como caminho privilegiado de subjetivação das mulheres.

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Biografia do Autor

Clara Monteiro, Universidade de Brasília

Graduanda em Psicologia na Universidade de Brasília. Membra do grupo "Saúde mental e gênero" do Laboratório de Psicopatologia, Psicanálise e Linguagem.

Valeska Zanello, Universidade de Brasília

Professora adjunta do Departamento de Psicologia Clínica (PCL) do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, Brasil. Orientadora do programa de pós-graduação stricto-sensu em Psicologia Clínica e Cultura (PCL/IP/UNB). Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Brasília (1997), graduação em Filosofia pela Universidade de Brasília (2005) e doutorado em Psicologia pela Universidade de Brasília (2005), com período sanduíche no Instituto Superior de Filosofia na Universithe Catholique de Louvain/ Bélgica (2004). É feminista, trabalha na interface entre Saúde mental/ Psicopatologia, Gênero, Filosofia da Linguagem e Psicanálise. Coordena o grupo de pesquisa "Saúde mental e Gênero" o qual tem como propósito realizar uma leitura do campo da saúde mental sob o viés das relações de gênero no que tange à epistemologia, a semiologia, ao diagnóstico psiquiátrico e às práticas vigentes. É representante do Conselho Federal de Psicologia no Conselho Nacional de Direitos da Mulher (SPM) e no GEA (Grupo de Estudos do Aborto). Membro do Gupo de Estudos Feministas (GEFEM) da Universidade de Brasília. Participou do TEDx Universidade de Brasília com o talk "Por que xingamos homens e mulheres de formas diferentes?"

Referências

LAGARDE (2013, p. 1-4): "Ao crescer em dependência, por este processo de orfandade que se constrói nas mulheres, nos cria uma necessidade irremediável de apego aos outros (...) A autonomia passa por cortar esses cordões umbilicais (...)"

Louro, Neckel e Goellner (2003, p. 166): “Após a chegada da protagonista, o comportamento e as atitudes da Fera vão sendo modificados. Ele passa a usar outras peças de roupa, caminha utilizando somente seus membros inferiores, aprende a usar talheres”.

NAVARRO-SWAIN, 2006, retirado da web: "Nas fendas do dispositivo da sexualidade, as mulheres são ‘diferentes’, isto é, sua construção em práticas e representações sociais sofre a interferência de um outro dispositivo: dispositivo amoroso. Poder-se-ia seguir sua genealogia nos discursos- filosóficos, religiosos, científicos, das tradições, do senso comum- que instituem a imagem da ‘verdadeira mulher’, e repetem incansavelmente suas qualidades e deveres: doce, amável, devotada (incapaz, fútil, irracional, todas iguais!) e, sobretudo, amorosa. Amorosa de seu marido, de seus filhos, de sua família, além de todo limite, de toda expressão de si"

Navarro-Swain (2006, p.11): É a reprodução de antigas fórmulas que caracteriza as mulheres: doces, devotadas, amáveis e, sobretudo, amantes. O amor as atualiza na expressão identitária de ‘mulheres’: é sua razão de ser e viver. Elas estão dispostas ao sacrifício e ao esquecimento de sipor ‘amor’

Navarro-Swain (2006, s/p): “O corpo é para as mulheres, o eixo de sua existência social”

Timm, Pereira & Gontijo (2011, p. 254): "a universalização e a naturalização dos papéis de gênero na cultura ocidental atribuíram às mulheres um lugar simbólico de resignação, responsabilidade sobre as estruturas ideais de família, incluindo a filiação e a maternidade, e de investimento permanente para se fazerem perceptíveis e atraentes ao olhar de um homem. A mulher, nessa cultura patriarcal ocidental, constitui-se pelo olhar do homem, sentindo-se profundamente desamparada quando não é notada ..."

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Publicado

2015-11-30

Como Citar

MONTEIRO, C.; ZANELLO, V. Tecnologias de Gênero e Dispositivo Amoroso nos filmes de animação da Disney. Revista Feminismos, [S. l.], v. 3, n. 1, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/30066. Acesso em: 18 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos