A medicalização e suas várias faces: obstáculos e aprendizagens de um estágio de psicologia escolar

Autores

  • Thaís Seltzer Goldstein UNIP - Campus Santos/SP

DOI:

https://doi.org/10.9771/re.v5i2.16172

Palavras-chave:

Medicalização, Psicologia Escolar, Estágio, Educação, Mundo Contemporâneo

Resumo

O presente artigo discute o fenômeno da medicalização no campo da educação, apresentando algumas de suas expressões, consequências e correlações com modos de viver contemporâneos. Busca-se elucidar algumas confusões comumente feitas entre o ato de medicalizar, medicar e medicamentalizar. Por meio de uma contextualização social e histórica, o artigo aborda determinadas problemáticas que concorrem para o triunfo da lógica medicalizante na atualidade, não apenas na educação, mas na sociedade de um modo geral. A tentativa de descortinar algumas das faces ocultas do fenômeno visa aprofundar a reflexão sobre a construção de possibilidades ao seu enfrentamento no âmbito das práticas educativas. Para ampliar o escopo do olhar e potencializar uma relação recíproca e fecunda entre ação e reflexão, o artigo também apresenta a análise crítica de uma experiência de estágio de Psicologia Escolar, supervisionado pela autora no ano de 2014, na cidade de Santos/SP, desenvolvido no interior de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental por um grupo de alunas do quinto ano do curso de Psicologia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thaís Seltzer Goldstein, UNIP - Campus Santos/SP

Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (IP-USP, 2013), Mestre em Antropologia da Saúde (FFCH-UFBA, 2007), fez Aprimoramento em Saúde Mental Multiprofissional (CAPS Itapeva / PIDA-USP, 2000). Já atuou em diferentes instituições de Saúde e Educação, sempre buscando interfaces entre a clínica psicossocial e a produção de cuidados em variados contextos, como: trabalho, educação, cultura, natureza etc. Vem pesquisando o tema dos modos atuais de sofrer e se produzir adoecimento, bem como os possíveis enfrentamentos. Utiliza, em sua prática profissional como docente, psicoterapeuta e supervisora, referências da Psicologia Social crítica (que considera recortes sócio-antropológicos e históricos, como: gênero, etnia, geração, classe social, religiosidade etc) a uma abordagem humanista de base fenomenológico-existencial. Trabalhou como psicóloga em diferentes instituições no campo da Saúde Mental e, desde 2007, tornou-se também docente e supervisora de estágios em cursos de graduação de Psicologia, Ciências da Saúde e Pedagogia. Já atuou na Faculdade Social da Bahia(FSB); na Faculdade São Bento da Bahia (FSBA); no Centro Universitário São Camilo /SP (CUSC-SP); na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP - Campus Baixada Santista) e, desde 2014, vem atuando na Universidade Paulista (UNIP - Campus Santos). Há 15 anos, trabalha como psicoterapeuta em consultório particular, utilizando uma abordagem fenomenológico-existencial mesclada à psicanálise de base winnicottiana.

Referências

ANGELUCCHI, Carla Biancha (Orgs.). Medicalização de crianças e adolescentes conflitos silenciados pela redução de questões sociais e doenças de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. p. 71-110.

______. Medicalização do comportamento e da aprendizagem: a nova face do obscurantismo. In: VIÉGAS, Lygia de Sousa; RIBEIRO, Maria Izabel Souza;

BOCK, Ana. Psicologia E Educação: cumplicidade ideológica In: BOCK, A CHECCIA, A. K. A. & SOUZA, M. P. R. (Orgs) Psicologia Escolar Teorias Críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, p. 79-104.

CORULLON, Juliana. Curando tragédias mundiais através do respeito ao universo infantil. In: Medium.com. < https://medium.com/@julianacorullon/curando-trag%C3%A9dias-mundiais-atrav%C3%A9s-do-respeito-ao-universo-infantil-bed85294d553> Acesso em 16/11/2015.

GOLDSTEIN, Thaís Seltzer. Psicologia e Mundo Contemporâneo: o que quer e o que pode essa clínica? Tese (Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano) – Instituto de Psicologia , Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; COLLARES, Maria Cecília Azevedo Lima. Dislexia e TDAH: uma análise a partir da ciência médica. In: SOUZA, Beatriz de Paula;

OLIVEIRA, Elaine Cristina e TELES, Liliane Alves da Luz (Orgs.). Medicalização da Educação e da Sociedade: Ciência ou Mito? Salvador: Edufba, 2014. p. 21 -43.

PATTO, Maria Helena Souza. A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1990.

SATO, Leny & SOUZA, Marilene Proença Rebello. Contribuindo para desvelar a complexidade do cotidiano através da pesquisa etnográfica em psicologia. In: Revista Psicologia, Volume 12, n. 2, 2001.

SCHMIDT, Maria Luísa Sandoval. & OSTRONOFF, Vera Helena. Oficinas de criatividade Elementos para a explicitação de propostas teórico-práticas. In: MORATO, H. T. P. (Org.) Aconselhamento Psicológico centrado na pessoa: novos desafios. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997, p. 335-344.

VIÉGAS, Lygia de Sousa. A aventura de educar no século XXI. Revista da Escola de Pais do Brasil, Salvador, BA: Seccional Salvador, n. 31, p. 15-20, 2010.

______. Pelo direito a pensar, sentir e agir. Jornal do CRP-03, 3/10/2012.

______. Direitos Humanos e Políticas Públicas Medicalizantes na Educação e na Saúde: uma análise crítica a partir da Psicologia Escolar e Edicacional. In VIÉGAS, Lygia de Sousa; RIBEIRO, Maria Izabel Souza; OLIVEIRA, Elaine Cristina e TELES, Liliane Alves da Luz (Orgs.). Medicalização da Educação e da Sociedade: Ciência ou Mito? Salvador: Edufba, 2014. p. 121-144.

______. “Garantir direitos sem criminalizar, medicalizar e rotular". In: IV Seminário Regional de Psicologia e Políticas Públicas X Seminário Regional de Psicologia e Direitos Humanos. Rio de Janeiro, 15/11/2015.< https://www.youtube.com/watch?v=0cT5EFLeTd0&feature=youtu.be> Acesso em 16/11/2015.

Downloads

Publicado

2016-12-07

Como Citar

Goldstein, T. S. (2016). A medicalização e suas várias faces: obstáculos e aprendizagens de um estágio de psicologia escolar. Revista Entreideias: Educação, Cultura E Sociedade, 5(2). https://doi.org/10.9771/re.v5i2.16172

Edição

Seção

Artigos